ALANDROAL,NA ROTA DE UM ALENTEJO MEDIEVAL
Uma torre de relógio pouco habitual, arte contemporânea na estrada alentejana e planícies infindáveis a partir de qualquer castelo
PUBLICADO A 25 DE JUNHO DE 2020 | VIAGEM A 10 DE JUNHO DE 2020
Portugal é um país fascinante e apesar de ser “nosso”, enche-nos sempre de surpresas em cada canto! Quando menos esperamos somos apanhados por uma paisagem de cortar a respiração, um castelo para o qual é inevitável fixarmos o olhar ou as próprias gentes de cada terrinha que partilham as inúmeras histórias que têm para contar… Foi mais ou menos isto que aconteceu no Alandroal.
Localizado no distrito de Évora, muito perto de Espanha, todo este município é um requinte para os apaixonados da Idade Média! Embora o artesanato local seja uma das suas principais actividades, onde se destaca a madeira de aloendros que deu o nome à vila, existem diversos monumentos megalíticos, castelos, ermidas e outras ruínas que são um óptimo motivo para nos fazer à estrada nesta região.
No Alandroal, ainda antes de chegar, é imediata a vista do castelo, nomeadamente a torre de relógio que é pouco habitual neste tipo de construções. O castelo é o centro desta vila sobre o qual se organiza todo o seu quotidiano e são alguns os pontos de onde conseguimos admirar toda esta paisagem que nos traz água na boca para o que se segue!
Castelo de Alandroal
Esta é uma das construções medievais mais bem preservadas que já vi em Portugal, pelo menos nos últimos tempos… Trata-se de uma construção militar erguida no século XIII pelo rei D. Dinis e originalmente integrava um pequeno bairro dentro das muralhas. Actualmente, o interior encontra-se vazio mas não é por isso que deixa de ser menos interessante.
O castelo possui três entradas: a Porta Legal (entrada principal), a Porta dos Paços e a Porta do Arrabalde. Foi nesta última que entrei no castelo e dou logo de caras com um espaço amplo onde apenas se houve o silêncio e se sente a liberdade para andarmos onde queremos, estando apenas limitados pela muralha. É desta mesma muralha que temos vistas incríveis para a paisagem e para a vila com as suas casas brancas tipicamente alentejanas.
Este espaço foi todo requalificado, parece mesmo que foi acabado de construir, e nestas remodelações também se incluiu a Igreja de Nossa Senhora da Graça que é mais um motivo para entrarmos no castelo. Depois de passar a igreja, entramos num espaço mais adequado à época em que o castelo foi construído mas o desejo de voltar a subir à muralha é maior!
O Alandroal tornou-se uma vila muito pacata que chama igualmente atenção pelo seu Pelourinho, a Igreja da Misericórdia junto à Porta do Arrabalde, a sua fonte monumental conhecida pela Fonte das Seis Bicas ou a Ermida de São Pedro de onde temos mais um retrato espectacular do castelo já muitas vezes referido!
Vhils e Bordalo II na N255
Infelizmente apanhei um tempo muito instável só que nem isso me impediu de fazer um desvio quase até Espanha para visitar a fortaleza de Juromenha e mais tarde continuei o meu percurso até Terena. Pelo caminho, em plena Estrada Nacional 255, passei no Monte da Fonte Santa com duas boas surpresas à porta.
Inesperadamente, vejo duas obras de arte rapidamente identificáveis dos artistas Vhils e Bordalo II. O primeiro apresenta um mural com dois retratos que representam o trabalho árduo dos alentejanos daquela quinta e de toda a região e, por outro lado, temos dois caracóis gigantes intitulados como Big Trash Snails que pretendem passar a mensagem de que o Homem está a destruir diversas espécies pela forma como usa o planeta em seu benefício e que isso se traduz no aumento dos níveis de poluição.
Seguindo o caminho pela N255, fiz um pequeno desvio na Barragem de Lucefécit que me intrigou de certa forma… Pelo que percebi, a implantação desta barragem permitiu desenvolver uma agricultura de regadio tal como acontece com o Alqueva e pouco mais há a dizer… Ainda assim, foi um desvio deveras recompensador pela vista incrível para o castelo de Terena que consegui ter deste ponto!
Castelo de Terena
O castelo localiza-se no ponto mais alto desta vila onde se desenvolve o seu centro histórico. É um lugar com origens muito antigas e nesta zona de Terena até as estradas são preenchidas com a mesma pedra de outros tempos que dificultam o acesso a esta parte mais alta da povoação.
Devido à sua posição estratégica, o integrou a linha de defesa do Guadiana à semelhança do que acontecia com outros castelos junto ao rio. Com uma planta pentagonal, composta com uma torre de menagem onde fica a entrada principal e outras quatro torres circulares de vigia da muralha. O interior deste castelo encontra-se totalmente vazio mas também aqui tudo fica mais interessante quando se sobe à muralha para admirar a planície alentejana. São vistas infindáveis que nos fazem perceber o porquê desta ser uma das construções militares mais importantes da região.
Antes de me fazer novamente à estrada, tive tempo para um pequeno desvio até ao Santuário de Nossa Senhora da Boa Nova. Esta capela é tão antiga como o castelo de Terena e tem a particularidade de ser uma espécie de igreja-fortaleza. É por isso que apresenta um aspecto robusto, revestida em pedra no exterior e com todos os elementos que compõem uma igreja no interior. A sua estrutura em pedra é algo raro em Portugal mas também foi assim que conseguiu chegar intacta até aos dias de hoje.
Mais uma vez o Alentejo revelou-se um lugar extraordinário para passear! Na continuação desta rota dos castelos, faltava visitar mais um, desta vez em Monsaraz onde passei duas grandes noites no interior desta muralha. O Alandroal ia ficando para trás com a certeza que um dia irei voltar para explorar mais do que esta região tem para oferecer!
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Autor do projecto Num Postal, arquitecto de profissão, fotógrafo nas horas vagas e apaixonado por viagens. Criei o blog para que não me escape nada das minhas aventuras pelo mundo, para partilhar com os outros e para eu reviver cada uma destas experiências! Depois de viver uma temporada no Brasil, percebi que há todo um universo lá fora para descobrir e desde então nunca mais parei de ir à procura de lugares desconhecidos.
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