BARCELONA,
NO LABIRINTO GÓTICO
Todos os restaurantes, lojas e supermercados se chamam Gaudí, uma igreja que se completa com um parque de diversões e um lugar que dá para ir à missa, a um museu, às compras e à praia no mesmo dia
PUBLICADO A 23 DE MARÇO DE 2020 | VIAGEM DE 31 DE OUTUBRO A 4 DE NOVEMBRO DE 2018
Depois de estudar esta cidade durante um ano na faculdade, era tempo de voltar (e rezar para que não ficasse doente como na última visita). Da última vez, tinha ficado apenas dois dias em Barcelona e a maior parte desse tempo foi num apartamento a recuperar de uma virose que não me permitiu descobrir os seus encantos que para mim a tornam num dos lugares mais incríveis da Europa.
No entanto, esta visita devia-se praticamente aos grandes amigos que lá tenho. A minha experiência do INOV foi muito marcante, não me proporcionando apenas bons momentos e boas viagens mas também me deu amigos para a vida. Curiosamente, alguns deles acabaram por ir para Barcelona e assim juntei o útil ao agradável. Estive 5 dias com eles e aproveitei melhor para conhecer uma cidade que até então só tinha esmiuçado a partir dos muitos livros e artigos da internet que tinha juntado para estudar esta região da Catalunha.
Em menos de um mês era a segunda vez que estava numa cidade espanhola depois de ter estado em Madrid. A viagem de avião durou cerca de 1h30 desde Lisboa e hoje em dia é muito fácil ir para Barcelona a partir de qualquer transporte. Fiquei em casa dos meus amigos e deixei a minha bagagem no meu quarto antes de ir visitar a cidade. Era uma quarta-feira depois de almoço quando cheguei e por ser dia de trabalho, lancei-me sozinho no primeiro reconhecimento da capital catalã.
Dia 1, No caminho de Gaudí:
Como sabia que ia estar sozinho, aproveitei para despachar aqueles lugares que à partida os meus amigos não iriam ter tanto interesse como eu… Foi assim que comecei pelas obras de Gaudí, o filho querido de Barcelona que dá nome a restaurantes, supermercados, lojas e a tudo e mais alguma coisa! Além da entrada não ser propriamente a mais barata nestes edifícios, eu sou um pouco mais geek da arquitectura do que os meus amigos e como o meu tempo era limitado queria já despachar esta parte.
Casa Milà (La Pedrera)
Ao chegar ao Passeig de Gràcia deparo-me com uma avenida extensa (como quase todas da cidade) que mais parecia uma Avenida da Liberdade em Barcelona. Ao longo desta rua encontramos duas das obras mais influentes de Antoni Gaudí e a primeira é a Casa Milà mais conhecida como La Pedrera.
É um edifício com uma composição muito orgânica e sem qualquer linha recta. A alcunha da “pedreira” vem do facto de no início da construção do edifício não ter sido aceite pela população que achavam que estavam perante um projecto feio que mais se parecia com uma rocha. No entanto, o interior parece ser bastante convencional e a casa que abrigava a família Milà tornou-se uma das principais obras-primas do arquitecto e uma referência para Barcelona.
Casa Batlló
Ao continuar a descer o Passeig de Gràcia em direcção ao mar, encontramos a Casa Batlló. Esta casa é muito mais artística e cada pormenor é muito mais excêntrico e fora do convencional quando comparado com a Casa Milà. O edífico da família Batlló é também marcado pela ausência de linhas rectas, possui uma variedade gigante de azulejos coloridos e, juntamente com a Casa Milà e outras obras de Gaudí, faz parte do Património Mundial da UNESCO.
As entradas tanto nesta casa como na La Pedrera, são entre os 22€ e os 25€ mas obras destas só se veem uma vez na vida. Os edifícios são tão fotogénicos que depois de entrarmos não vamos querer parar de tirar fotografias em busca da melhor recordação dos espaços.
Dia 2, Em extremos opostos:
O dia anterior acabou relativamente cedo porque era dia de festa a fomos para a noite de Barcelona. Por isso mesmo, o segundo dia de viagem foi muito mais calmo e como ainda tinha mais quatro dias pela frente também não andei a correr para ver tudo o que queria.
Parque Güell
Foi aqui que passei a manhã toda. Mais uma vez por causa de Gaudí, o Parque Güell é uma das maiores referências da cidade. Devido a grande afluência turística que se tem verificado nos últimos anos em Barcelona, há uma parte do parque que é paga onde estão as melhores obras do arquitecto catalão. É o lugar mais interessante do parque mas convém que seja feita uma marcação para poder visitar esse espaço. Eu não consegui entrar porque não sabia que era um lugar pago mas por um lado ainda bem que não o fiz porque o espaço estava em manutenção e por isso não ia ter acesso a tudo.
Fiquei então na parte que não se paga que é quase o parque todo… O parque está localizado no bairro da Gràcia numa das zonas mais altas da cidade e por isso vale a pena passar algum tempo no meio da vegetação e de todas as obras existentes a desfrutar das melhores vistas que temos para Barcelona.
Montjuic
Na outra ponta da cidade, junto ao mar, está a região de Montjuic. Esta colina é um importante miradouro para a cidade e serviu em tempos como posto de vigilância militar. Ganhou uma importância maior quando mais recentemente se realizaram os Jogos Olímpicos de 1992 em Barcelona com a instauração do Parque Olímpico e são muitos os que lá vão para ter uma perspectiva diferente da cidade.
É um lugar com um leque muito variado de atracções que passam pelo teleférico que nos leva ao Castelo de Montjuic que tem das melhores vistas da cidade, a Fundação Joan Miró que possui obras deste artista que também tem um impacto ao nível de Antoni Gaudí em Barcelona, o Museu Nacional de Arte da Catalunha que tem a maior colecção de arte da região ou então a Fonte Mágica que tem espectáculos nocturnos acompanhados de luzes e música.
Pavilhão de Barcelona
Na parte baixa de Montjuic, perto da Fonte Mágica, está o Pavilhão Alemão para a feira mundial de 1929, mais conhecido como Pavilhão de Barcelona. É um marco da arquitectura moderna pela inovação que suscitou naquela época, caracterizado pelo uso simples de materiais tradicionais, como o mármore e de outros materiais industrializados como o aço e o vidro. Uma visita obrigatória para qualquer arquitecto!
Dia 3, Perdido no bairro gótico:
Até agora a viagem decorria com bastante tranquilidade mas chegando a meio da minha estadia em Barcelona, tinha de intensificar mais o meu roteiro. Comecei este dia no estádio do melhor clube da cidade e para depois à tarde me perder pelas ramblas da cidade antiga.
Camp Nou
O mítico estádio do FC Barcelona, um dos maiores clubes de Espanha e do mundo. Para quem gosta de futebol é sempre um ponto de interesse que não pode faltar em qualquer roteiro. Existem várias visitas que são interessantes, dá para ver os balneários, a sala de troféus, a sala de imprensa, uma capela no corredor de acesso ao relvado e muito mais. Melhor que isto seria mesmo ver um jogo de futebol.
Praia de La Barceloneta
O que mais me agradava em Barcelona é o facto de ser uma das cidades mais completas do mundo porque saímos de um museu, um mercado ou uma igreja e se quisermos estamos com um pé na areia. Foi mais ou menos assim que cheguei à Praia de la Barceloneta para almoçar com os meus amigos. Esta é uma das maiores praias da cidade e possui vários espaços para a prática de desporto, sendo um dos lugares preferidos dos locais.
Parc de la Ciutadella
O Parque da Cidadela é um dos mais emblemáticos de Barcelona e durante muito tempo era o único parque da cidade que foi construído no lugar da antiga fortaleza. Muito conhecido pelo sua grande lago com cascatas formado por um conjunto monumental de estátuas e outros objetos esculturais, é sempre uma boa escapadinha para fugir da cidade e relaxar no extenso jardim que está ligado com o jardim zoológico de Barcelona.
Arc de Triomf
Ao sair do Parque da Cidade entramos no Passeig de Lluís Companys que possui um jardim a meio da avenida que termina no Arco do Triunfo. O arco foi projectado para a Exposição Universal de 1888 e ao contrário de outros arcos triunfais, este tem uma componente mais cultural e científica que representa tudo o que de bom podemos celebrar na cidade.
El Gótic
O dia estava a ser muito produtivo mas faltava perdermo-nos como devíamos no Bairro Gótico. Esta parte da cidade velha escapou à nova malha urbana de Barcelona de forma a proteger um património que faz parte da história desta região. As ruas são muitos mais estreitas, por vezes é um lugar sombrio (que contrasta claramente com a luz da capital Madrid), o estilo gótico está muito presente nas fachadas dos edifícios e há sempre algo para fazer em qualquer lugar.
Acabamos por ir dar à Praça Real antes de chegarmos à La Rambla. É um largo que contrasta com tudo o que é o bairro gótico, pela sua amplitude e é um espaço principalmente virado para a vida nocturna com muitos bares e restaurantes.
La Rambla
As ramblas é a rua principal que divide o bairro gótico e faz a ligação da Praça da Catalunha à zona portuária. E sim, é plural porque a rua está dividida por várias ramblas que compõem La Rambla e ao longo de mais de um quilómetro está tudo a acontecer neste troço da cidade. Desde os mercados, a animação de rua e as abordagens para convidar para uma festa ou ir a um bar de strip. É um espaço que está sempre movimentado, tanto de dia como de noite.
Mercado de la Boqueria
Assim como as ramblas, o mercado de la Boqueria está sempre cheio! Aquilo que antigamente era um mercado de flores, hoje em dia apresenta uma variedade enorme de produtos alimentares que são uma autêntica bomba de cores e sabores. É daqueles lugares que nem sempre é fácil de nos deslocarmos mas é uma visita imperdível em Barcelona!
Dia 4, A magia de Montjuic:
Se o dia 3 foi muito produtivo, este dia seria muito mais relaxado. A parte da manhã foi para descansar e por isso só depois de almoço é que voltamos a fazer alguma coisa. No dia anterior soube a muito pouco a visita ao bairro gótico. Voltamos por entre outras ruelas a apreciar o que de melhor a cidade antiga tem para nos revelar.
Fonte Mágica de Montjuic
Já tinha falado sobre este espectáculo de luzes e música na fonte mágica de Montjuic e foi assim que terminamos o dia. O espectáculo decorre todas as quintas, sextas e sábados a partir das 20h e é totalmente aberto ao público. Quando termina este show são muitos os grupos à volta daquele espaço que ali permanecem para mostrar o seu trabalho como aconteceu quando subimos até ao Castelo e estava lá um grupo de dança a fazer as mais diversas acrobacias para os vários turistas que tinham estado a assistir ao momento da fonte mágica.
Dia 5, O melhor ficou para o fim:
Ultimo dia na capital catalã e seria mais um dia em que inevitavelmente iria passar pela Sagrada Família. Foi uma constante nestes 5 dias que só me abriam ainda mais o “apetite” para visitar esta catedral. Mesmo assim, não seria a primeira coisa que faria neste dia… Aproveitei os últimos momentos na cidade para passear nas Ramblas e para ir até ao monte de Tidibabo.
Praça da Catalunha
É uma das maiores praças de Espanha que faz a ligação entre a parte nova e a parte mais antiga da cidade. Os jardins e as grandes marcas dos edifícios fazem parte deste lugar que está sempre muito movimentado. Foi aqui que também apanhei o autocarro até ao monte de Tidibabo.
Tidibabo
Este parque é o ponto mais alto com vista para Barcelona na Serra de Collserola. Para além do Templo do Sagrado Coração com uma estátua de bronze de Jesus Cristo no topo, o espaço é complementado com um parque de diversões que dão mais um motivo aos seus visitantes para atingir aquele ponto da serra.
Sagrada Família
A seguir ao almoço e já depois de voltar ao centro de Barcelona, chegava o momento de entrar (finalmente!) na Sagrada Família. Não foi fácil organizar esta visita porque em fim-de-semana prolongado, estava tudo cheio e a certa altura só aceitavam visitas à catedral com marcação online.
A Sagrada Família é o expoente máximo da colecção de obras de Antoni Gaudí e o principal símbolo de Barcelona. É um edifício que já deve ter entrado no livro dos recordes pelo seu tempo de construção. É que Gaudí tinha tudo pronto para a obra começar em 1882 mas por via das circunstâncias só em 2026 é que estará tudo finalizado.
Como em toda a obra de Gaudí, o interior é inspirado na natureza com as suas formas orgânicas e poucas linhas rectas. Eu só visitei a zona da igreja mas existe ainda outro tipo de ingresso (mais caro) que permite subir às torres e ter uma vista panorâmica da cidade. Além disso, é possível visitar a catedral para assistir às cerimónias dos feriados santos sem ter de pagar nada (mas para isso há que ter muita sorte para vencer as filas).
E foi assim que terminou a minha visita a Barcelona! Saí da Sagrada Família com a minha bagagem e apanhei logo o metro em direcção ao aeroporto para voltar a Lisboa. Não podia ter pedido muito mais desta cidade. Foram dias incríveis que deu para matar saudades do lugar e dos amigos que me acolheram e tornaram esta experiência por Barcelona ainda mais enriquecedora!
Apesar de ser uma cidade que não tem a mesma luz que a capital espanhola, é um lugar onde conseguimos encontrar tudo! Temos praia, museus, serras, igrejas, centros históricos, boa comida… Enfim, é um conjunto de sensações incríveis!
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Autor do projecto Num Postal, arquitecto de profissão, fotógrafo nas horas vagas e apaixonado por viagens. Criei o blog para que não me escape nada das minhas aventuras pelo mundo, para partilhar com os outros e para eu reviver cada uma destas experiências! Depois de viver uma temporada no Brasil, percebi que há todo um universo lá fora para descobrir e desde então nunca mais parei de ir à procura de lugares desconhecidos.
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