BERLENGAS,
UM PARAÍSO AQUI TÃO PERTO
Gaivotas que incomodam muita gente, paisagens de cortar a respiração e um mosteiro que hoje em dia é um restaurante
PUBLICADO A 1 DE MAIO DE 2020 | VIAGEM DE 29 A 30 DE JUNHO DE 2019
Quem me conhece bem, sabe que uma das minhas actividades no meu tempo livre é o escutismo. É algo que já faz parte de mim desde os 9 anos de idade e que me ajudou a tornar o homem que sou hoje. Actualmente já não sou nenhuma criança feliz a brincar aos acampamentos mas ainda não consegui libertar-me deste movimento que me viu crescer até me tornar um chefe responsável por um grupo de jovens. Foi assim que surgiu esta oportunidade de ir às Berlengas. A nossa última actividade do ano passou por Peniche e ali perto estava o arquipélago que nos propusemos a visitar neste cantinho de Portugal.
As Berlengas são um conjunto de ilhas do qual fazem parte Farilhões, Estelas e a Berlenga Grande (a única que é visitável), que se localizam no Oceano Atlântico, sendo visíveis a partir de Peniche. Desde 2011 é considerada Reserva Natural pela UNESCO e por isso o seu acesso tem vindo a ser cada vez mais restrito. A esta data, havia uma regulação que limitava a permanência de 550 pessoas por dia.
Dia 1, Tudo é paisagem:
Nós passamos uma noite na ilha principal e até lá apanhamos um barco desde Peniche. Hoje em dia existem muitas opções para chegar às Berlengas mas são todas muito restritas nos seus horários, havendo a apenas uma ou duas viagens por dia de ida e volta. Acabamos por escolher o Cabo Avelar, um dos barcos mais antigos com um aspecto mais convencial. É uma viagem que demora entre 30 minutos a 1 hora (depende das marés) e caso o mar esteja muito agitado (como aconteceu connosco), aconselho a levarem comprimidos para o enjoo.
Praia do Carreiro do Mosteiro
Ao desembarcar na Berlenga chegamos logo ao lugar onde existem os únicos traços de civilização na ilha. Além das casas dos pescadores, chama-nos à atenção o restaurante que teve como primeira utilização um mosteiro, mais concretamente o Mosteiro da Misericórdia da Berlenga. Antigamente, no século XVI, os monges da Ordem de São Jerónimo ali se instalaram com o objectivo de prestar apoio à navegação e a vítimas de naufrágios. No entanto, os ataques constantes dos piratas e o afastamento da costa tornaram aquela vida insustentável. Já desde meados do século XX que o estabelecimento actua no apoio aos turistas que todos os dias fazem uma visita à ilha.
Pensar que aquele edifício foi um mosteiro é algo incompreensível mas melhor que isso era a vista que tínhamos após subirmos mais um pouco pela colina. Lá em baixo a entrar para dentro da ilha estava a Praia do Carreiro do Mosteiro, o único espaço com areal e acessível a banhos com as águas mais límpidas deste lugar!
As gaivotas das Berlengas
Ficamos acampados nos socalcos que a ilha tem para os visitantes que lá ficam durante a noite. À medida que nos instalávamos, íamos tomando nota da quantidade enorme de gaivotas que pairam sobre a ilha. O barulho é um pouco ensurdecedor, por vezes muito chato, mas ao fim de algum tempo já nos passa um pouco ao lado. Teoricamente, aquele é o seu habitat natural e por isso não é aconselhável metermo-nos com elas ou mais certo é levarmos com uma cagadela em cima. Como se vê nos percursos, existem muitas pintas brancas e às vezes nem é preciso fazer nada para que as gaivotas se descuidem.
Carreiro dos Cações
Depois de almoçarmos e montar campo, fomos até à outra parte da ilha. A Berlenga quase que se divide em dois fragmentos devido a uma falha sísmica que a Sul formou o Carreiro do Mosteiro (onde se localiza a praia) e a Norte o Carreiro dos Cações. Este lugar não tem acesso mas o impacto visual é tão forte que ficamos com vontade de o explorar.
Farol Duque de Bragança
Continuamos o nosso caminho até ao Farol Duque de Bragança que estava com o acesso restrito. A partir deste ponto o percurso é feito por um caminho de pé posto. Aqui estamos a entrar em território dominado pelas gaivotas e é bem visível algumas destas zonas cobertas por penas como se tivéssemos a ver campos cobertos de neve. Para além de estarmos em “território inimigo”, convém lembrarmo-nos que este espaço é uma Reserva Natural que tem de ser protegida e como tal já se veem placas para permanecermos nos trilhos que estão traçados.
Cova do Sono
A certo ponto é bem possível avistarmos o Forte de São João Baptista mas deixamos o melhor para o fim. Avançamos até ao ponto mais poente da ilha onde se encontra a Cova do Sono. Também denominado como “Catedral”, esta apresenta uma falha com uma forma côncava na encosta da ilha, como se fosse uma abóbada, que se vai amenizando à medida que sobe até ao topo. A melhor vista é claramente da água mas toda a paisagem envolvente é bastante impressionante e por isso já valeu a visita às Berlengas.
Forte de São João Baptista
Voltamos para trás para descermos até ao Forte de São João Baptista. O caminho deve ser dos mais acentuados da ilha mas vale cada minuto do seu esforço. Este forte apresenta uma planta octogonal, é mais uma pequena ilha das Berlengas e é um dos principais cartões de postal deste lugar. Como o seu nome indica, este era um espaço militar de apoio e de defesa à Berlenga que acabou por se extinguir e desenvolver-se como um espaço hoteleiro. Actualmente, é uma casa abrigo que alberga até 50 pessoas onde é possível pernoitar. Para além da vista incrível, tem uma cozinha e restaurante, mas para quem quiser ficar alojado tem de levar tudo, inclusive roupa para a cama.
Ficamos ali algum tempo para relaxar (para alguns a viagem de barco foi dura e por isso era mesmo necessário). Mais para o fim da tarde voltamos a campo para experimentar a praia do Carreiro do Mosteiro mas aquela hora estava totalmente em sombra. Dá sempre para aproveitar mas não estamos tão confortáveis sem a luz do sol a incidir sobre nós.
Pôr-do-sol
Até hora de jantar havia muita coisa para preparar e por isso o resto da tarde serviu para nos organizarmos para as nossas actividades. Antes de anoitecer voltamos a subir para apanhar uma réstia do pôr-do-sol. Ainda deu para ver qualquer coisa, muito pouca mas deu…
Céu Estrelado
À noite tivemos um momento de grupo que para os mais leigos chamamos de “Fogo de Conselho”. São momentos de partilha à volta da “fogueira” para encerrarmos o dia e felizmente estávamos debaixo de um imenso céu estrelado para acabarmos a noite em beleza.
Dia 2, A visita às “grutas”:
Se o dia anterior acabou com uma tentativa de ver o pôr-do-sol e com uma noite incrível, tentamos que o dia raiasse com um nascer-do-sol que tinha tudo para ser memorável. Fomos até à parte nascente da ilha mas infelizmente o dia começou muito nublado e sem um raio de sol no horizonte…
Neste dia ficamos basicamente para visitar as “grutas”. Estas grutas são pequenas falhas que podemos ver e apenas ao longe, salvo alguns lugares que ficamos à “porta”. Neste roteiro tivemos uma outra perspectiva do Forte de São João Baptista e da Cova do Sono assim como vimos pela primeira vez a Tromba de Elefante que é uma rocha que se assemelha com a forma deste animal.
Este passeio é muito rápido, dura cerca de meia-hora e mal terminamos voltamos à ilha para seguirmos até Peniche com a mesma empresa que nos fez a visita às grutas. Este tipo de opção também é muito viável para quem quer visitar as Berlengas. Estas empresas que por lá fazem as suas actividades, garantem sempre o transporte ida e volta, podendo ser em dias diferentes.
Apesar da viagem ter sido bastante atribulada (pelo menos para mim…) e das gaivotas serem um incómodo constante, nem tudo é mau, pelo contrário… A ilha é daqueles lugares especiais para onde se deve fugir de vez em quando para respirar paz e tranquilidade. Não existem muitos lugares assim no mundo e por isso é que marcam tanto as pessoas que lá vão.
Um dia é suficiente para ver a ilha mas passar a noite com a possibilidade de ver um pôr-do-sol, o nascer do sol e observar o céu cheio de estrelas pelo meio, torna a experiência nas Berlengas mais enriquecedora!
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Autor do projecto Num Postal, arquitecto de profissão, fotógrafo nas horas vagas e apaixonado por viagens. Criei o blog para que não me escape nada das minhas aventuras pelo mundo, para partilhar com os outros e para eu reviver cada uma destas experiências! Depois de viver uma temporada no Brasil, percebi que há todo um universo lá fora para descobrir e desde então nunca mais parei de ir à procura de lugares desconhecidos.
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