BRUXELAS,
A BASE PARA OUTROS PORTOS

O tradicional tapete de flores do tamanho de uma praça, a capital da banda desenhada e um parlamento que tornou a cidade num dos lugares mais multiculturais do mundo

PUBLICADO A 9 DE MARÇO DE 2020 | VIAGEM DE 11 A 15 DE AGOSTO DE 2018

A Bélgica é um país que tal como a Alemanha não estava nos meus planos. No fundo, o facto de não ter marcado grandes férias neste ano fez com que não me metesse em grandes aventuras… De qualquer forma, ficar parado estava fora de questão e por isso fiz uma busca pela internet e as passagens mais baratas que encontrei para Agosto de 2018 eram para Bruxelas.

A minha ideia era fazer uma viagem onde pudesse visitar várias cidades em pouco tempo e assim Bruxelas surgiu como o destino ideal. Nos meus cinco dias no país, tornei a capital da Bélgica como a minha casa e a partir daí tirei dois dias para a visitar e os outros três dias para passear em outras cidades.

Para além do Atomium e da Grand-Place, fiquei bastante impressionado a animação de rua, há inúmeras as peças de arte espalhadas pela cidade e aqui também podemos provar algumas das melhores cervejas do mundo. O carácter medieval de algumas cidades também me motivava para visitar este país e de resto era mais um daqueles lugares que vinha mesmo à descoberta com o objectivo de me surpreender.

Peguei um voo directo desde Lisboa e só aterrei mesmo no Aeroporto Zaventeem (que é melhor localizado que o Aeroporto de Charleroi para visitar a capital). Cheguei já de noite e desde aí apanhei o comboio até ao centro da cidade onde saí na estação Brussel-Noord (Gare do Norte), uma das três estações que atravessam Bruxelas. Esta é também a estação que se situa numa zona feia da cidade, uma área promíscua que é denominada de Red Light District de Bruxelas. A primeira impressão não era a melhor mas ainda tinha muito tempo para mudar a minha opinião.

Dia 1, A primeira saída da capital:

O fim-de-semana é a melhor altura para viajar na Bélgica e foi isso que fiz no primeiro dia do meu roteiro. Aos sábados e domingos todos os bilhetes de comboio têm um desconto de 50% e por isso eu aproveitei para me deslocar aos destinos mais distantes que por acaso eram os mais caros. Também é possível comprar um passe de dez viagens em todas as estações mas no meu caso não compensava… Como viajei ao fim-de-semana, acabou sempre por ser mais barato…

Assim sendo, a minha primeira paragem em terras belgas foi Bruges, a capital da região de Flandres Ocidental que compõe alguns dos cenários mais bonitos de uma cidade medieval. A viagem de comboio demora cerca de 1h15 desde a estação da Gare do Norte e por isso é um lugar que se torna um visita obrigatória para quem visita o país.

Dia 2, A segunda saída da capital:

Ainda não foi ao segundo dia que visitei a capital… Era domingo e por isso voltei a deslocar-me em mais uma viagem de um dia, desta vez até Antuérpia. É uma cidade pela qual vale a pena tirar um dia (ou mais) para a visitar e de todas é a mais parecida com Bruxelas. Voltei a apanhar o comboio na Gare do Norte até à segunda maior cidade da Bélgica, numa viagem que demorou menos de uma hora.

Dia 3, A primeira visita na capital:

Dizem que à terceira é de vez e de facto foi mesmo ao terceiro dia que finalmente fiz um roteiro por Bruxelas. Fiz um tour na cidade para certificar-me que não me escapava nada. Então para quem está pouco tempo numa cidade é a melhor forma de conhecer um local de uma maneira rápida e Bruxelas é um lugar repleto de história, cultura, arte, comida (nomeadamente as famosas waffles) e cerveja.

Grand-Place

Este é o coração da cidade, umas das imagens de marca da capital e um dos lugares mais queridos dos turistas. Foi aqui que comecei o meu passeio e se a praça fosse uma reflexo da cidade, esta viagem tinha tudo para ser deslumbrante! São vários os edifícios que compõem um dos conjuntos arquitectónicos mais bonitos do mundo que já perdura desde o século XVII onde se destaca o Hotel de Ville (o edifício da Câmara Municipal com a sua grande torre), a Maison du Roi ou a Maison des Ducs de Brabant.

Eu já a considerava uma das praças mais bonitas onde estive (senão a mais bonita) e não é por acaso que em 1998 foi considerada Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura pela UNESCO.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

À parte da sua história e beleza arquitectónica, Bruxelas é uma cidade que pode ser apelidada de capital da banda desenhada. Aqui nasceram alguns dos maiores ilustres de histórias aos “quadradinhos” como Hergé que deliciou qualquer criança do seu tempo com as história de Tintin, sendo por isso muito comum a observação de murais com referência a obras desta arte ao longo das ruas estreitas da cidade.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal
Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

Manneken Pis

É incrível perceber como algo tão irrelevante se torna tão atractivo numa cidade. Está localizado numa fonte próxima da Grand-Place e são muitas as histórias que já se ouviram falar sobre a sua existência como a de um menino que teria apagado desta forma uma chama acesa que salvou a cidade de um grande incêndio. A estátua actual é uma cópia da original que foi roubada e apresenta uma dimensão muito pequena que desaponta todos os turistas que lá passam. Mesmo assim não deixam de tirar uma fotografia como recordação…

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

Bolsa de Valores e Igreja de São Nicolau

Estes são dois edifícios de estilos completamente diferentes que se encontram mesmo lado a lado. A Bolsa de Valores é um edifício neoclássico que se destaca pelas suas colunas nas fachadas, era um antigo convento que mais tarde foi convertido neste uso e é considerado um dos espaços de câmbio mais bonitos do mundo. A igreja é um espaço de dedicado a São Nicolau bem característica da Idade Média com mais de 1000 anos de existência.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

Galerias Reais Saint-Hubert

É um dos principais espaços da cidade que une a Grand-Place com a Rue des Bouchers. Faz parte de um conjunto de galerias com tecto envidraçado composto por vários espaços comerciais que têm alguns dos melhores chocolates da cidade.

Neste ano, decorreu um evento muito comum em Bruxelas: o tradicional tapete das flores que a cada dois anos é instalado na Grand-Place em meados de Agosto. Foi por um dia que não apanhei o início das festividades mas ainda fui acompanhando o processo de montagem. É um evento que para a cidade e são muitos os eventos paralelos que acompanham este momento. A cidade enche-se de palcos e food trucks que acompanham os concertos que regem as noites.

Nas galerias, estava instalada uma exposição com as imagens dos anteriores tapetes de flores que já tinham enchido a cidade de cor, sendo que cada ano tem um tema diferente que define o visual do tapete. Por exemplo, em 2014 foi escolhido o tema dos 50 anos da imigração turca na Bélgica enquanto que em 2016 foi celebrado os 150 anos de relações entre a Bélgica e o Japão. Em 2018 a inspiração foi a rica cultura que compõe a vida da cidade de Guanajuato, no México.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

Catedral de Bruxelas

Este também é um dos edifícios mais emblemáticos da cidade e não é para menos dada a sua grande expressão que facilmente é comparável com a Catedral de Notre-Dame em Paris. Oficialmente conhecida com Catedral de São Miguel e Santa Gúdula, é considerada a principal igreja católica do país.

Palácio Real de Bruxelas

O palácio localiza-se num dos pontos mais altos da cidade, de frente para o Parque de Bruxelas. Embora não seja habitado pelos reis, continua a ser a sede da monarquia e é um espaço que está aberto ao público em geral, onde é possível percorrer os salões de festas, salas de reuniões oficiais ou as salas para os chefes de estado, como também achei interessante as exibições que abordam o dia-a-dia da família real e falam sobre a sua história actual.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

Mont des Arts

Este foi o lugar onde terminei o meu tour matinal. O Mont des Arts também apresenta uma das imagens mais características de Bruxelas pelo seu jardim que envolve um complexo arquitectónico ao qual pertence a Biblioteca Real da Bélgica e os Arquivos Nacionais da Bélgica. Aqui podemos ter uma vista panorâmica de parte da cidade, onde se destaca na paisagem a torre do Hotel de Ville.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

Igreja de Notre-Dame du Sablon

Da parte da tarde, fui até à zona Sul da cidade, a uma área muito pouco explorada e fiquei logo impressionado pela igreja que encontrei. É uma das igrejas góticas mais bonitas da cidade, que data do século XV.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal
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Palácio da Justiça

No fundo da rua que nos leva à igreja está um dos edifícios mais imponentes da cidade: o Palácio da Justiça. É a sede dos tribunais de justiça da Bélgica mas infelizmente encontrei-o num estado de profunda renovação. De qualquer forma, é deste ponto da cidade que temos uma das melhores vistas para o centro histórico de Bruxelas.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal
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Portão Halle

Perto da estação de comboios Bruxelles-Midi persiste este portão medieval como um dos últimos vestígios das muralhas de Bruxelas. Actualmente é um museu que faz parte dos Museus Reais de Arte e História.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

Parlamento Europeu

Assim que soube que ia embarcar nesta viagem, este era um dos espaços que fazia muita questão de visitar. Aqui juntam-se os países que compõem a União Europeia e onde são tomadas as decisões que gerem o futuro da Europa, nomeadamente dos seus estados-membros. Este é um dos 3 complexos do Parlamento, juntamente com as instalações no Luxemburgo e em Estrasburgo, França.

Um dos espaços visitáveis é o Hemiciclo, uma sala com capacidade para 751 deputados europeus. As visitas são gratuitas e não é necessário marcação, basta aparecer no momento e esperar para integrar um grupo com um guia. É muito interessante o facto de maior parte dos visitantes serem de país diferente porque durante quase uma hora conseguimos fazer debates entre todos.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal
Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal
Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

Centro Belga da Banda Desenhada

Não podia terminar o meu dia sem passar pela casa que alberga uma das colecções de banda desenhada mais importantes do mundo. De volta ao centro da cidade, o museu ficava no caminho para o meu hostel e por isso era uma decisão inevitável. O museu é composto por várias exposições que retratam a história da banda desenhada onde se destacam os contos de Tintin, Smurfs ou Lucky Luke. O edifício também é uma obra interessante de Art Nouveau e é o principal espaço da cidade dedicado à nona arte.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal
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Jeanneke Pis e Zinneke Pis

Ainda consegui ter forças e paciência para ir à procura dos outros “pis”. O menino a “descarregar” na fonte é a principal atracção mas ainda existem mais duas estátuas similares. Uma delas é a Jeanneke Pis, fica num beco sem saída onde se encontra o conhecido bar Delirium que possui uma das maiores variedades de cerveja da Bélgica. A outra é o Zinneke Pis, um cão a urinar para um poste de estrada localizado na Rue des Chartreux.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal
Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

Entretanto voltei à Grand-Place. Não tinha como não voltar! Já tinha andado bastante pela cidade mas como estava lá perto achei melhor voltar para me despedir daquele lugar (caso não voltasse, claro…). Com o fim de tarde a luz é completamente diferente mas o encanto continua o mesmo apesar da praça estar mais preenchida. Por entre os vários acessos à praça, são muitos os grupos de rua que dão animação nestas tardes de verão e eu não consegui escapar a este momento.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal
Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal
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Dia 4, A terceira saída da capital:

Ao quarto dia, voltei a sair da cidade e desta vez visitei Gent (ou Gante) que discute o título de cidade mais charmosa do país com Bruges. É um lugar que faz lembrar uma cidade holandesa (a mim veio logo à cabeça Amesterdão) pelo canal que atravessa o centro e a relação de algumas casas com o rio. Bastam 30 a 40 minutos para chegar à cidade desde Bruxelas e uma manhã pode ser suficiente para a visitar.

Dia 5, A última saída da capital:

Ultimo dia na cidade que apenas dava para dar a aquela volta da praxe, para passar em alguns lugares onde já tinha passado e pouco mais havia para acrescentar a esta viagem. Já me sentia bastante realizado por todos os lugares onde passei portanto tudo o que viesse a mais já era um bom bónus.

Igreja Real de Santa Maria

Sempre que ia para a estação de comboios, passava numa rua que tinha como plano de fundo esta igreja que já andava a namorar desde que cheguei a Bruxelas. É uma igreja católica dedicada a Nossa Senhora da Assunção e está associado à rainha Louise-Marie, primeira rainha da Bélgica.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

Atomium

Foi preciso andar de transportes pela primeira vez para me deslocar na cidade. O Atomium é uma das principais referências da cidade e senti-me na obrigação de lá ir. O edifício (se é que lhe podemos chamar assim), foi desenvolvido como pavilhão principal da Exposição Universal de Bruxelas em 1958 e rapidamente tornou-se um símbolo de Bruxelas. O pavilhão contém uma exposição no interior mas a grande adesão fez-me perder a vontade de entrar…

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal
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Parque do Cinquentenário

Foi aqui que decidi passar as últimas horas da minha viagem. Um lugar que se revelou dos mais tranquilos que consegui encontrar em Bruxelas. É o parque mais importante a seguir ao Parque de Bruxelas e possui um palácio em forma de “U” onde se destaca o seu pórtico muito idêntico ao que encontramos no Portão de Brandenburgo, em Berlim.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal
Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal
Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

Já não havia tempo para muito mais e por isso restava-me voltar ao hostel para pegar na minha mala e regressar a casa. Bruxelas e a Bélgica em geral, tornaram-se uma surpresa muito boa! É incrível como um país tão pequenino tem tanto para oferecer. É também um lugar com uma multiculturalidade gigante que a tornam a cidade com maior diversidade cultural da Europa e não é por acaso… Afinal, aqui destaca-se uma das sedes do Parlamento Europeu e por isso não é difícil encontrar pessoas na rua das mais variadas nacionalidades.

Os dois dias em Bruxelas foram muito bons mas tenho noção que há mais para ver. É uma cidade com muitos museus mas por um lado prefiro viver a vida da cidade do que estar dentro de um espaço fechado. Houve outros lugares como a Basílica de Sacré-Coeur ou o Jardim Botânico que são facilmente visitáveis ou então a pequena modelação da Mini Europa (aí há sempre fila e os preços também não são muito apelativos).

Depois de uma primeira busca inicial sobre o que fazer nestas férias, esta viagem tornou-se uma decisão muito acertada! Sempre me disseram que Bruxelas era uma cidade desinteressante mas fui capaz de tirar as dúvidas e voltei com uma opinião completamente contrária, ficando com a ideia que é um lugar onde a política é abafada por uma vida urbana recheada de arte e cultura que dá outro encanto à capital.

Bruxelas, a base para outros portos_Num Postal

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Autor do projecto Num Postal, arquitecto de profissão, fotógrafo nas horas vagas e apaixonado por viagens. Criei o blog para que não me escape nada das minhas aventuras pelo mundo, para partilhar com os outros e para eu reviver cada uma destas experiências! Depois de viver uma temporada no Brasil, percebi que há todo um universo lá fora para descobrir e desde então nunca mais parei de ir à procura de lugares desconhecidos.

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