CAMBRIDGE,
O SONHO ACADÉMICO
Uma das mais antigas (e conceituadas) universidades do mundo, um rio e várias pontes que dão nome à cidade e uma aventura no punting
PUBLICADO A 29 DE ABRIL DE 2020 | VIAGEM A 9 DE JUNHO DE 2019
Nos arredores de Londres, localiza-se esta pequena cidade universitária que ao longo do ano é maioritariamente dinamizada por estudantes. Estima-se mesmo que de um quinto dos habitantes de Cambridge fazem parte estes jovens que pretendem integrar uma das universidades mais prestigiadas do mundo onde estiveram personalidades como Charles Darwin, Isaac Newton ou Sthephen Hawking.
É uma cidade com uma história que vem desde do século XIII, época em que se estabeleceu como a cidade sede da Universidade de Cambridge. À semelhança de Oxford, estas cidades que durante muito tempo possuíam as únicas universidades de Inglaterra e então sempre existiu uma grande rivalidade entre ambas.
No entanto, Cambridge não foi tão atingida pela revolução industrial e por isso possui uma atmosfera mais de cidade universitária, com imensos jardins verdejantes junto ao rio sobre o qual se desenvolvem algumas das principais actividades deste povo. Todas estas actividades estão ligadas maioritariamente à população estudantil que se aproveita do turismo crescente da região na procura de ganhar retornos que ajudem a pagar as propinas da faculdade.
Ficamos apenas um dia na cidade, a nossa viagem começou em Stevenage, arredores de Londres, de onde apanhamos um comboio durante uma hora até Cambridge. Hoje em dia existem muitas alternativas de transportes e por isso é fácil fazer uma viagem de ida e volta no mesmo dia desde Londres.
Desde a estação de comboios ainda tivemos de fazer uma caminhada de 30 minutos em direcção ao centro da cidade. O afastamento é propositado porque não se pretendia que os estudantes ficassem perto da estação e se sentissem tentados a viajar para Londres. Era uma maneira de pôr o estudantes mais focados nos estudos…
King’s College
Chegamos aos portões de King’s College, umas das principais faculdades da cidade onde iniciamos um Free Walking Tourpela velha Cambridge. Curiosamente, a nossa guia era uma estudante húngara que fazia estes trabalhos ao fim-de-semana para ganhar mais uns trocos ao fim do mês.
Trumpington Street
Cambridge é uma cidade muito pitoresca, com muitas tradições que se mantêm desde sempre. Até dá a ideia que parou no tempo e assim se manteve até aos dias de hoje… Na Trumpington Street, por exemplo, verifica-se que os edifícios cumprem regras muito restritas de urbanismo que se espalham pelas suas ruas transversais e em alguns dos seus edifícios históricos que persistiram à evolução dos tempos.
Ao longo desta rua destacam-se a St. Catharine’s College, uma faculdade com um pátio aberto para a rua, a Emmanuel United Reformed Church, uma igreja que para além do culto religioso também se transforma para a prática de outras actividades paroquiais, ou a Little St. Marys Church que faz parte da Igreja de Inglaterra que pratica duas religiões: o catolicismo e o anglicanismo.
Corpus Christi College
Um dos lugares mais emblemáticos da Trumpington Street é o Corpus Christi College, a única faculdade da cidade que foi fundada pelos seus habitantes locais. Com o turismo crescente, era estritamente proibido a entrada de estranhos nas instalações e por isso limitamo-nos a observar o pátio do edifício.
Queens’ College
Numa rua paralela localiza-se a Queens’ College que é umas das faculdades mais antigas e uma das maiores da universidades. Esta faculdade é a única que se estende entre as duas margens do rio Cam. Aqui estiveram ex-alunos como chefes de governo e políticos de vários países, membros da realeza, líderes religiosos, astronautas e ainda nomeados ao Óscar.
Ponte da Matemática
Para ligar a faculdade entre margens, instalou-se a Ponte da Matemática (que muitos conspiravam que era da autoria de Isaac Newton). O objectivo era ligar o “lado escuro” (a parte mais antiga da escola) com o “lado da luz” (a parte mais recente). É uma ponte em madeira com um sistema construtivo de encaixes que para a sua época (1749) era bastante avançado para os parâmetros utilizados.
The Backs Garden
Já depois de atravessar para a outra margem do rio através da Silver Street Brigde, seguimos pelos jardins que se designam como The Backs. Esta é uma referência ao facto do jardim estar situado “nas costas” das faculdades de onde se destacam as traseiras de King’s College que chama logo a atenção pela sua imponente capela, uma das mais mediáticas da arquitectura gótica inglesa.
Clare College Bridge
Para seguir até à outra margem atravessamos a Garret Hostel Bridge que desperta a atenção de quem lá passa por dois motivos… Em primeiro lugar, dali é possível avistar a Clare College Bridge, que faz a transição desta faculdade para o jardim na outra margem. Por outro lado, havia muita gente a fazer punting no rio… Esta actividade consiste num passeio numa espécie de moliceiro, com uma pessoa de pé na popa do barco a guiar-nos apenas com uma simples vara. O objectivo da vara é chegar ao fundo do rio e puxar o barco (o que não é fácil para quem experimenta pela primeira vez).
Great St. Mary’s Church, Trinity College e Newton’s Apple Tree
Estavamos de volta ao centro da cidade e fomos parar à Great St. Mary’s Church, uma igreja universitária que é uma das maiores de Cambridge. Em seguida, fomos em direcção à Trinity College e à St. John College. Até agora nada de extraordinária, não fossem estas mais duas faculdades da cidade… O facto curioso é que entre elas situa-se a Newton’s Apple Tree, a árvore onde supostamente o físico britânico criou a ideia sobre a teoria da gravidade depois de lhe cair uma maçã na cabeça.
Fudge Kitchen
Depois de almoço, num lugar bem agradável junto ao rio, voltamos ao centro a uma loja de doces conventuais: a Fudge Kitchen. O fudge é uma mistura de açúcar, manteiga e leite com outros ingredientes como caramelo ou chocolate que lhe dão um aspecto diferenciado e é aquecido em forno médio. Neste caso, é apresentado como se fosse uma fatia de uma torta com um aspecto bem cremoso. Tem um sabor muito doce, o açúcar sente-se imenso ao ponto de nem ter sido necessário comprar uma fatia… Enquanto eles fazem este doce à frente dos clientes, sobram sempre uns restos que são oferecidos para provar antes de comprar. Mesmo antes de comprar, podemos saborear qualquer um dos sabores e isso basta para ficarmos satisfeitos.
Cambridge Market Square
Enquanto uns de nós iam à procura de lembranças da cidade, outros (como eu) fomos até Cambridge Market Square. Esta praça tem um mercado como todo o tipo de comércio, desde roupa a comida ou alguma recordação que se pretenda trazer.
Uma aventura no punting
Mais para o fim da tarde, arriscamos experimentar o punting que podemos fazê-lo de duas formas. Podemos usar um guia local que além de conduzir o barco, vai dando uma explicação cultural do lugar, sendo esta forma mais prática e cómoda. Ou então vamos sozinhos e experimentarmos manobrar o barco (que também é mais barato e uma experiência mais divertida). Arriscamos na segunda opção e mesmo com alguma dificuldade (bastante até…) conseguimos dar um jeito e tomamos conta da situação.
Neste passeio pelo rio Cam passamos pela traseiras das faculdades onde temos uma outra perspectiva ainda mais incrível da cidade! O fim de tarde também ajudou e aquela hora estava uma luz espectacular! As pessoas sentavam-se à beira rio para acompanhar o pôr-do-sol, ainda eram muitos os turistas que continuavam a tirar fotografias das pontes e mesmo no rio havia comerciantes locais a venderem vinho (como se estivéssemos na praia e aparecesse o senhor das bolas de Berlim). E por falar em pontes, só para o fim desta nossa visita é que nos apercebemos do seguinte: o nome da cidade está associado a essas passagens e ao nome do rio, ou seja, antes de existirem as Universidades, este local era muito conhecido pelo seu rio (Cam) e pelas pontes (Bridge em inglês) que faziam a ligação entre margens. Derivado da junção destes dois nomes nasceu a actual Cambridge.
Bridge of Sighs
Ainda fomos a tempo de passar pela Bridge of Sighs, ou como nós diríamos: a Ponte dos Suspiros. Esta travessia é uma das únicas pontes cobertas de Cambridge que faz a ligação entre as duas margens da St. John’s College. O seu nome foi escolhido como referência aos alunos que saíam de um exame e passavam por ali para desabafar, isto é, mandar um suspiro…
Era altura de voltarmos à estação e para isso apanhamos o mesmo percurso de volta. Passamos novamente pela Church of Our Lady and The English Martyrs, uma das principais igrejas católicas neogóticas do Reino Unido. A sua construção teve um grande impacto na população local porque a partir desse momento o número de crentes no catolicismo aumentou exponencialmente.
Cambridge é mesmo um lugar especial! A seguir a Londres, é considerado o lugar de Inglaterra mais rico em museus por metro quadrado, contando que cada faculdade é sempre um lugar pronto a ser visitado.
Para a viagem ficar completa só faltou entrar em alguma das igrejas e nas faculdades mas foi um passeio muito rico culturalmente e foi o local ideal para relaxar da agitação de Londres. A sua atmosfera estudantil dá à cidade um ambiente mais descontraído e a isso também se deve ao tratamento impecável dado às ruas e jardins que transmitem uma serenidade e tranquilidade plena.
Como sempre, algumas coisas ficaram por ver mas um dia para visitar Cambridge é suficiente, embora da próxima vez arriscaria ficar uma noite para ver como é a vida nocturna. De qualquer forma, foi uma agradável surpresa e é daqueles lugares que toda a gente devia ir uma vez na vida! Agora é esperar pela visita a Oxford para tirar as conclusões devidas sobre a melhor universidade deste país.
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Autor do projecto Num Postal, arquitecto de profissão, fotógrafo nas horas vagas e apaixonado por viagens. Criei o blog para que não me escape nada das minhas aventuras pelo mundo, para partilhar com os outros e para eu reviver cada uma destas experiências! Depois de viver uma temporada no Brasil, percebi que há todo um universo lá fora para descobrir e desde então nunca mais parei de ir à procura de lugares desconhecidos.
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