CURITIBA,
UMA EUROPA BRASILEIRA
Os parques mais verdes deste país, a art nouveau que veio com o europeus e um museu em forma de olho que tudo vê e que todos querem ver
PUBLICADO A 21 DE JANEIRO DE 2020 | VIAGEM DE 8 A 9 DE JULHO DE 2017
Estavamos em Julho de 2017 e este mês ia ser bastante produtivo no que às viagens diz respeito! A primeira paragem foi a Curitiba, a capital do estado do Paraná, um dos vizinhos de São Paulo. Para quem tem acompanhado outra viagens já deve ter visto uma referência de uma amiga do INOV que estava nesta cidade a estagiar e por isso isto já era um bom motivo para a visitar, sobretudo quando era o fim-de-semana do seu aniversário.
Curitiba é umas das maiores cidades do país e é o lugar mais europeu do Brasil. Esta é uma terra de imigrantes alemães, polacos, ucranianos e italianos que se instalaram na cidade e instauraram práticas comuns do seu quotidiano que resultaram até aos dias de hoje numa imensa diversidade cultural.
É um lugar diferente no Brasil devido ao clima que é muito mais húmido e frio quando comparado com aquilo que toda a gente conhece quando se fala neste país e vem à memória o sol e as praias… Mas como quem não tem cão caça com gato, as praias aqui foram substituídas pelos inúmeros parques verdejantes que são dos lugares favoritos dos seus habitantes. Há um certo cuidado e manutenção com estes espaços que tornam Curitiba um dos lugares mais limpos do mundo e pela qual é conhecida mundialmente pela sua sustentabilidade, de tal forma que em 2012 foi considerada a melhor cidade no mundo para se viver.
A nossa estadia foi apenas de um fim-de-semana. Nesse sentido, apanhamos um autocarro desde São Paulo que demorou cerca de 6 horas. Foi mais uma daquelas viagens que fizemos numa sexta-feira à noite para começarmos a nossa visita assim que chegássemos à cidade.
Dia 1, Do Japão ao Tanguá:
Praça do Japão
Chegamos muito cedo a Curitiba, ainda nem eram 7h da manhã mas isso era bom porque tinhamos um dia inteiro para aproveitar! Antes de tudo, alojamo-nos em casa da nossa amiga e saímos logo depois em direcção à Praça do Japão. Este pequeno parque fica no cruzamento da Av. 7 de Setembro com a Av. Rep. Argentina, construído em homenagem aos imigrantes japoneses que chegaram ao Brasil em 1910, sendo que em Curitiba encontramos a segunda maior comunidade de japoneses do país, apenas atrás de São Paulo. É um lugar marcado pelas cerejeiras tipicamente japonesas, os lagos artificiais e o edifício da praça que é um Memorial da Imigração Japonesa.
Da praça continuamos o nosso roteiro em direcção ao centro da cidade e a primeira impressão não era a melhor… A cidade surpreendia pelas suas ruas largas com baixos edifícios ou com ruas estreitas e prédios gigantes mas apresentava lugares degradados e sujos que em nada condizia com o que se ouvia falar dos parques.
Rua XV de Novembro
Por outro lado, ao passar pela Rua XV de Novembro, também conhecida como Rua das Flores, a cidade ia despertando com vários momentos de animação de rua. Esta é uma rua pedonal que foi a primeira avenida do Brasil fechada ao trânsito e o seu nome está relacionado com os diversos arranjos florais que se podem observar numa extensão de um quilómetro. Felizmente passamos por ali para ganharmos outro ânimo para o resto do dia!
Paço da Liberdade
Inesperadamente, apareceu-nos o Paço da Liberdade numas das ruas transversais. Um edifício muito ao estilo art nouveuau que destoava em tudo do que se passava à sua volta. Em tempos foi um lugar que se estabeleceu como a prefeitura da cidade e que actualmente é um centro cultural administrado pelo SESC, uma associação que está presente em todo o país com unidades que se dedicam à cultura, saúde, desporto ou lazer.
Praça Tiradentes
Por trás do Paço da Liberdade está um espaço público considerado como o local onde a cidade nasceu: a Praça Tiradentes. Aqui localiza-se o Marco Zero da cidade, utilizado para referência geodésica como o ponto onde são medidas todas as distâncias em direcção a outras cidades. Outra das referências da praça é a Catedral Basílica de Curitiba, talvez a única igreja laranja que existe no mundo.
Ópera de Arame
Da parte da tarde, fomos a um dos pontos mais extremos da cidade visitar a Ópera de Arame. Os pontos principais da cidade estão tão despersos que o Uber torna-se a melhor opção para nos deslocarmos.
Este teatro de forma circular apresenta um estilo construtivo em tubos de aço e estrutura metálica que lhe confere o seu nome. O edifício é envolvido por um lago artificial e o seu único acesso é feito por uma ponte metálica. Apesar de estar encerrado ao público, é possível andar à volta do edifício e perdermo-nos no meio de toda aquela natureza.
Parque Tanguá
Ao fim do dia aproveitamos as vantagens do Mirante do Parque Tanguá para desfrutarmos do melhor pôr-do-sol de Curitiba! É verdade que estava um pouco escuro mas ainda deu para aproveitar alguma coisa, nem que seja a vista para a parte inferior do parque conhecido por uma das suas cascatas artificiais que desagua no lago principal.
Como tantas outras grandes cidades do Brasil, não é tão seguro como em Portugal andarmos de noite e por isso fomos para casa jantar e começarmos as festividades em honra da nossa amiga.
Dia 2, Até ao olho da cidade:
Rua 24 Horas
A fim de aproveitar bem o dia, decidi ir sozinho dar uma volta matinal para não me escapar nada desta cidade! Comecei pela Rua 24 Horas, que não é propriamente uma rua… Este lugar é um corredor coberto com mais com 120 metros de comprimento que abriga alguns pontos comerciais que estavam abertos 24 horas (embora já não aconteça), resultando daí o nome. É um espaço que atravessa um quarteirão de um lado ao outro e é bastante marcado pela sua sua estrutura metálica que compõe o edifício.
Praça Rui Barbosa
Ali perto havia duas praças que tinha curiosidade em visitar. A primeira foi a Praça Rui Barbosa onde está localizado o principal terminal de autocarros urbanos que faz a ligação a várias linhas da cidade. Apesar da sua grande dimensão, Curitiba não dispõe de uma linha de metro; é um meio de transporte que ainda não virou moda no Brasil e por isso a melhor opção acaba por ser o autocarro.
Neste terminal também verificamos que quando saímos de um estado para outro parece que estamos a ir para outro país. Os autocarros eram muito diferentes dos de São Paulo (muito mais evoluídos e menos vandalizados), as paragens de autocarro tinham todo um sistema em que as pessoas subiam a um nível superior e aguardavam dentro de um espaço cilíndrico pelo seu transporte, os táxis eram laranjas (tal como igreja principal) dando quase a ideia que essa era a cor da cidade, entre muitas outras coisas…
Praça Osório
A outra praça era mesmo ali ao lado: a Praça Osório. Ligeiramente mais pequena e muito mais intimista devido à densa vegetação, é bem mais agradável e aos domingos é normal haver uma feira naquele recinto.
Catedral Basílica de Curitiba
Em seguida, voltei a passar pela Praça Tiradentes, nomeadamente pela Catedral da cidade que não tive oportunidade de visitar no dia anterior. Tal como esperava, o seu interior é igual ao exterior: tudo em tons laranja.
Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Teatro Guaíra
Ainda havia mais uma praça a ver nesta cidade: a Praça Santos Andrade. É considerada um marco cultural da cidade porque ali se encontram dois dos principais pontos históricos e culturais de Curitiba. Primeiro, num dos topos do parque temos a Universidade Federal do Paraná (UFPR) com um estilo clássico e é desde 1912 o símbolo oficial da cidade. No lado oposto está o Teatro Guaíra que também funciona como centro cultural onde é prática comum espectáculos de dança, de música e, como o nome do edifício indica, de teatro.
Assim que dei o meu roteiro matinal por terminado, regressei a casa a pé em mais uma volta pelo centro. Cada rua ia impressionando, com edifícios não muito bonitos e sem grandes critérios de composição mas sim pelas suas grandes dimensões.
Jardim Botânico
Juntei-me com o resto do grupo e depois de almoço fomos a uma das atracções turísticas com mais impacto da cidade: o Jardim Botânico. O seu recinto com um verde tão vivo faz lembrar muito um jardim francês com diversas flores de todas as cores e feitios. A imagem de marca do jardim é a estufa que tem uma estrutura idêntica à cobertura da Rua 24 Horas, o que é normal porque o arquitecto foi o mesmo… As três cúpulas representadas do estilo art noveau são inspiradas no Palácio de Cristal de Londres e contêm algumas espécies raras da floresta atlântica. Para além da estufa, é possível visitar outros espaços no jardim como o Espaço Cultural Frans Krajcberg, o Museu Botânico e o Jardim das Sensações.
Museu Oscar Niemeyer (MON)
Do jardim seguimos para o Museu Oscar Niemeyer (MON), também conhecido como Museu do Olho, por razões óbvias… Se a Universidade Federal do Paraná é o símbolo oficial da cidade, o museu é sem sombra de dúvidas o símbolo comercial! É nos autocarros, táxis, anúncios promocionais que se usa o desenho do museu para promover a cidade.
O museu tem como objectivo exibir exposições com foco nas artes visuais, arquitectura e design. A maior parte das suas exposições são temporárias mas no piso -1, num espaço que antecede a entrada no “olho”, tem um momento expositivo das obras mais emblemáticas de Oscar Niemeyer, onde se inclui o próprio museu. Como já referi, o museu evidencia-se pela forma do olho, mas por trás, onde está a entrada para o edifício, encontra-se um outro módulo que notabiliza-se por um paralelepípedo de grande extensão e representa o segundo maior vão livre do mundo com 65 metros.
Hard Rock Cafe
Acabamos por perder bastante tempo no museu e quando saímos à rua já era de noite. No entanto, ainda conseguimos ter a última paragem a caminho de casa, quando encontramos o Hard Rock Cafe. Por mais incrível que pareça, este é o único Hard Rock Cafe do Brasil. Antigamente também só havia um, no Rio de Janeiro, mas fechou por motivos de segurança e agora apenas se encontra este espaço em Curitiba. É um lugar grande, com dois pisos e com muito glamour ao ritmo de uma estrela de rock.
A despedida
Chegava a hora do adeus e não podia ter ficado mais satisfeito com este fim-de-semana. No início torcemos um pouco o nariz mas aos poucos o ritmo de actividades foi melhorando e com um bom grupo (como este) qualquer viagem acaba por ser muito melhor!
Olhando para trás, tenho noção que ficou muita coisa para ver, nomeadamente muitos parques mais interessantes do que os lugares onde estivemos. O Parque Tingui, o Unilivre no Bosque Zaninelli, o Bosque Alemão, o Bosque João Paulo II e o Parque Barigui servem só para enumerar alguns destes espaços. Existe ainda na cidade a Torre Panorâmica de Curitiba ao qual é possível subir e ter uma vista de 360º graus da cidade a 95 metros de altura.
Estes dois dias foram óptimos porque deu para passear, ir aos parques, museus e houve tempo para sair à noite e celebrar. Ainda assim, para ter um panorama mais geral da cidade, acrescentaria mais um dia ao roteiro (talvez dois).
Por fim, Curitiba é uma cidade que acaba por ser um lugar mais para descansar do que para passear. É um espaço que vale pelo seu todo e ao mesmo tempo dá para fazer turismo sem ser uma cidade muito turistíca. Talvez por isso tenha sido dos lugares que mais me surpreendeu no Brasil!
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Autor do projecto Num Postal, arquitecto de profissão, fotógrafo nas horas vagas e apaixonado por viagens. Criei o blog para que não me escape nada das minhas aventuras pelo mundo, para partilhar com os outros e para eu reviver cada uma destas experiências! Depois de viver uma temporada no Brasil, percebi que há todo um universo lá fora para descobrir e desde então nunca mais parei de ir à procura de lugares desconhecidos.
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