GIBRALTAR,
MOVIDOS PELO ROCHEDO
Um lugar britânico tipicamente ibérico com vista para o continente africano, uma pista de aterragem que também é uma estrada e os macacos que por lá ficaram
PUBLICADO A 30 DE MARÇO DE 2020 | VIAGEM A 20 DE ABRIL DE 2019
Gibraltar é um pequeno território inglês localizado a sul de Espanha que mantém a particularidade de ser um lugar disputado por estas duas nações. Foi este “choque” de culturas que me chamou a este destino e por isso queria confirmar com os meus próprios olhos esta aliança, embora soubesse que ia ser uma visita muito rápida.
A chegada a Gibraltar resulta de uma viagem que fiz com uma agência que já me tinha levado até Tânger em Marrocos. Ficamos instalados num hotel em La Línea de la Concepción, uma povoação fora de Gibraltar e muito perto da fronteira. Chegados ao hotel fomos recebidos com um pôr-do-sol incrível.
Vindos de Tânger e de toda aquela confusão de Marrocos, aproveitamos para ir a Gibraltar à noite. Não se passa muita coisa depois de jantar mas foi bom para termos uma noção do que nos podia esperar quando fossemos visitar a cidade. Ah, e é sempre necessário apresentar a identificação ao passar a fronteira.
No dia seguinte, tinhamos a manhã livre e por isso saí bem cedo para explorar um pouco da cidade de Gibraltar. Acabei por me juntar a um grupo de pessoas que faziam parte da excursão e lá partimos juntos à descoberta! Saindo do hotel temos logo a percepção daquele rochedo gigante que é o principal cartão de postal da cidade.
Winston Churchill Avenue
Ao passar a alfândega, apercebemo-nos logo que chegamos a território inglês. A primeira imagem que temos é de uma cabine telefónica tipicamente inglesa e o nome da avenida de acesso à cidade, Winston Churchill Avenue, em letras bem grandes, já para não falar nos autocarros vermelhos que são muito características da cultura britânica.
A entrada em Gibraltar é muito particular, como possivelmente não existe igual noutro lugar do mundo. Para acedermos à cidade, temos de passar pela avenida principal que é o único caminho pedestre/viário desde Espanha e é cruzada pela pista do aeroporto. Visto que há uma falta de espaço numa península muito condensada pelo seu aglomerado urbano, o aeroporto foi instalado na periferia e na pista de aterragem foi levantado um aterro para a sua construção. Na hora de descolagem/aterragem, existe um sinal de fecho das cancelas, primeiro para pedestres e de seguida para automóveis, para que os aviões consigam cumprir com as funções dentro da normalidade e em segurança. Nos dois pontos de acesso, existe um controlo apertado da polícia para que tudo decorra de forma ordeira e em segurança.
Castelo dos Mouros
Ao passarmos a pista do aeroporto, partimos de imediato até ao centro da cidade. Num ponto alto do rochedo temos como destaque a torre de menagem do Castelo dos Mouros que marca a entrada de Gibraltar e a sua muralha que delimita a parte mais antiga.
Casemate Square
Em seguida deparamo-nos com a Praça Casemate, um lugar composto por diversos estabelecimento comerciais que o tornam um dos principais pontos da cidade. Por esta altura, apercebemo-nos que apesar do inglês ser a língua oficial em Gibraltar, o espanhol é muito falado ao ponto da maioria dos habitantes locais serem bilíngues.
Gibraltar é um lugar onde é muito fácil andar a pé sem nos perdermos. Apesar de ser uma região muito pequena, existem espalhados em cada esquina umas placas com o mapa da cidade que nos dão as boas-vindas e ainda nos apresentam os lugares mais turísticos para visitar. É mesmo possível adquirir este mapa em papel numa máquina que se encontra instalada nestes pontos
Main Street
Ao sair da praça, fomos caminhando pela Main Street, a rua principal, tal como o nome indica, que vive essencialmente do comércio. Assim que entramos na rua dá a ideia que estamos numas ramblas… Temos a cultura inglesa muito assente na organização das ruas e por outro lado os edifícios apresentam tons e detalhes muito próprios da arquitectura espanhola. É neste tipo de pormenores que vemos a diferença entre os dois países, levantando uma questão de apropriação do território: estamos em Espanha ou Inglaterra?
Catedral de Santa Maria
Continuando pela rua, chegamos a uma bifurcação onde se encontra a Catedral de Santa Maria. Esta é uma das igrejas católicas em Gibraltar e o centro principal para o seu culto.
Ao longo da rua fomos notando que existem algumas lojas com bonecos gigantes da Playmobil. Funciona quase como um marco a dizer que aquele estabelecimento é destinado para as crianças. A mim fez despertar a criança que há em mim e levou-me mesmo a ter de entrar numa destas lojas para reviver a minha infância.
The Convent e Convento do Loreto
Ainda passamos por dois dos edifícios mais emblemáticos da cidade: The Convent (a residência oficial do Governador de Gibraltar) com a sua fachada revestida em tijolo à vista e à frente um edifício muito particular que está associado ao Convento de Loreto.
Á medida que chegávamos ao fim da rua, íamos sendo acompanhados pela muralha que protege a cidade. Cada troço desta muralha apresenta um nome acompanhado de uma data que contam um pouco mais da história deste lugar. As várias estátuas e canhões espalhados pela cidade pretendem também evidenciar a sua história como um dos principais pontos de defesa da Europa e, dessa forma, exibir os seus heróis nacionais como forma de demonstrar o orgulho por esta nação.
Catedral da Santíssima Trindade
Voltamos de seguida para Espanha mas não sem antes passarmos por mais dois pontos turísticos da cidade. Em primeiro lugar entramos na Catedral da Santíssima Trindade que é um templo anglicano no qual podemos estar em paz. Pelo exterior, este espaço mais parece uma mesquita que outra coisa…
British War Memorial
Depois encontramos o Bristish War Memorial. É uma estátua de dois soldados acompanhados por dois canhões nas suas laterais que representam um monumento alusivo à primeira guerra mundial em memória dos soldados que com todas as forças defenderam o seu rei no Estreito de Gibraltar.
Antes de sairmos de Gibraltar para regressar ao nosso hotel, rezávamos para que ainda tivéssemos a oportunidade de ver algum dos aviões a descolar. Com alguma sorte, mal acabamos de chegar à pista de aterragem começamos a ouvir as sirenes que dão sinal para fecharem a estrada. Conseguimos assistir ao momento de descolagem e assim matamos a curiosidade de registar o momento peculiar que só acontece neste lugar.
Mesquita Ibrahim-al-Ibrahim e Trinity House Lighthouse
Da parte da tarde, fizemos o Rock Tour, um roteiro feita numa van própria para subir o rochedo da cidade. É uma forma de termos uma outra perspectiva de Gibraltar e das suas maravilhas, para além de conseguirmos explorar a zona mais a sul da região.
O tour começou no extremos mais a sul da ilha onde se encontra a Mesquita Ibrahim-al-Ibrahim, um espaço religioso que acolhe não só muçulmanos mas onde também decorrem eventos de outras religiões. Contudo, os principais destaques são o Trinity House Lighthouse ou canhão de 100 toneladas usado na guerra para defender a cidade, onde é muito forte a relação visual com o continente africano.
Grutas de São Miguel
Ao iniciar a subida ao rochedo, passamos pelas Colunas de Hércules. Não conseguimos parar para tirar uma foto mas posso adiantar que este é um dos muitos lugares alusivos a episódios da mitologia grega.
A passagem por este marco serviu para chegarmos à nossa primeira paragem, as Grutas de São Miguel. Este é um espaço que para além da sua formação de estalactites, destaca-se pelo jogo de luz que dá outra monumentalidade ao lugar e aqui decorrem conferências e até alguns concertos (quando não há visitas dos milhares de turistas que todos os anos passam por lá).
Macacos de Gibraltar
Logo que saimos das grutas, soubemos que já não iamos ao topo da montanha ver a toca dos macacos. Por termos demorado mais de uma hora a entrar de autocarro na cidade, levamos bastante tempo a passar o controlo fronteiriço e por isso é que foi impossível a subida até ao topo. Dito isto, é preferível entrar a pé em Gibraltar e depois apanhar um transporte (embora as distâncias sejam curtas até ao centro que não compensa).
Ainda assim, os macacos estão em todo o lado. Bastou sair das grutas que eles já estavam lá à nossa espera (muitas vezes em busca de comida). Diz-se que, algures no tempo, os macacos vieram de Marrocos e que não se ambientaram a outros locais da Europa, acabando por ali ficar. Gibraltar é mesmo o único lugar do continente europeu onde se podem encontrar macacos como estes a viverem de uma forma livre e tranquila.
Por fim, quase que deu para ver mais um avião a descolar da estrada principal… Só faltou mesmo a subida ao topo mas o balanço foi muito positivo e não me importaria de voltar.
Gibraltar é um lugar único. Apanhamos um pouco de cultura espanhola e inglesa com uns ares de África e a entrada na cidade é muito intrigante, sendo que este primeiro impacto dá logo a ideia que ao entrarmos neste território estamos num lugar distinto de tudo o que existe. Os trekkings no rochedo também devem ser incríveis e existe até a oportunidade de apanhar um teleférico até certo ponto para começar a fazer as trilhas.
Basicamente, enquanto grandes cidades da Europa vivem à volta de um grande museu, de uma catedral histórica ou da sua vida nocturna, Gibraltar centraliza-se no seu rochedo e é esta diferença que o torna um lugar tão especial.
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Autor do projecto Num Postal, arquitecto de profissão, fotógrafo nas horas vagas e apaixonado por viagens. Criei o blog para que não me escape nada das minhas aventuras pelo mundo, para partilhar com os outros e para eu reviver cada uma destas experiências! Depois de viver uma temporada no Brasil, percebi que há todo um universo lá fora para descobrir e desde então nunca mais parei de ir à procura de lugares desconhecidos.
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