JOÃO PESSOA,
AS PORTAS DO SOL

A cidade brasileira do artesanato, um pôr-do-sol ao ritmo do Bolero de Ravel e um lugar com tantos jardins que até o mar é verde

PUBLICADO A 17 DE FEVEREIRO DE 2020 | VIAGEM DE 3 A 4 DE SETEMBRO DE 2017

Juntamente com Maceióesta era outra das cidades que menos conhecia do Nordeste e pelo mesmo motivo fiz questão de visitar João Pessoa. Esta é a terceira capital de estado mais antiga do país e uma das mais pequenas, sendo mesmo o primeiro lugar onde estive no Brasil com menos habitantes que Lisboa, “apenas” 800.000.

Localizada no estado de Paraíba, esta cidade possui umas das costas mais bonitas com um tom de água esverdeado que é reflexo da densa vegetação de coqueiros junto à praia. Aliás, João Pessoa não é só conhecido pela sua orla costeira como também se destaca como a cidade mais verde do Brasil pelos inúmeros parques que possui e a nível mundial só fica atrás de Paris. Por estes e outros motivos, esta cidade é uma das capitais com a melhor qualidade de vida do Nordeste e por isso foi considerada um dos melhores lugares para passar os anos de reforma.

Cheguei à cidade de manhã antes de almoço numa viagem de autocarro que demorou cerca de duas horas desde Recife. Assim que consegui atravessar um terminal rodoviário muito confuso, apanhei um novo autocarro até perto da praia. Saí ponta na Avenida Presidente Epitácio Pessoa, a maior rua da cidade e uma das mais importantes, junto à praia do Cabo Branco. Ali encontrei-me com o Gustavo que me acolheu durante dois dias, novamente ao abrigo do Couchsurfing.

Dia 1, O lado boémio da cidade:

O primeiro dia foi muito tranquilo. . João Pessoa é uma cidade relativamente pequena, de tal forma que ia ter tempo para fazer tudo durante os dois dias da minha estadia. O Gustavo ofereceu-se para me mostrar as principais referências do local e assim não me senti tão perdido.

Eu Amo Jampa

Uma das referências da cidade é a placa “EU <3  JAMPA” para dar as boas-vindas aos visitantes no fim da Avenida Presidente Epitácio Pessoa. É por isso que todos que ali passam querem tirar fotografias para guardar uma recordação da cidade, antes de se deslumbrarem com a praia.

João Pessoa, as portas do sol_Num Postal

Orla Costeira

A longa extensão de praias é a principal imagem que temos da cidade. A Praia de Manaíra juntamente com a Praia de Tambaú e Praia do Cabo Branco são as grandes responsáveis pelo imenso areal com jardins e palmeiras que suavizam o facto de estarmos mesmo junto aos edifícios altos que compõe alguns dos bairros mais nobres de João Pessoa.

João Pessoa, as portas do sol_Num Postal
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Mercado de Artesanato da Paraíba

O artesanato é algo muito comum das regiões do Nordeste pelas tradições muito próprias de cada estado mas em João Pessoa atinge um nível diferente. Para além das várias bancas com produtos artesanais que encontramos pela cidade, existe ainda um mercado de dois pisos com muitas lojas de roupa, tapetes ou acessórios em couro onde se destacam os artigos relacionados com os cangaceiros.

Os cangaceiros são um grupo muito antigo de bandidos que procuravam lutar pela justiça e a falta de qualidade de vida que afectavam os Nordestinos. Desse modo, representam os heróis do povo e uma das imagens de marca desta região. No mercado, é possível encontrar as suas vestes e os chapéus que se tornaram o seu principal símbolo.

Pelos serviços prestados a esta área profissional, neste ano, em 2017, João Pessoa foi considerada a Cidade Brasileira do Artesanato.

Praia do Jacaré

Visto que já tinhamos um conhecimento base da cidade, passamos o resto da tarde no Cabedelo. Esta é uma cidade que faz parte da área metropolitana de João Pessoa e ali podemos ver um dos melhores pôres-do-sol na Praia do Jacaré. Actualmente já não existe essa praia mas toda gente conhece este lugar como se fosse uma…

Em 2001, um músico de João Pessoa, o Jurandy do Sax, teve a ideia de subir diariamente num barco com o seu saxofone e a começar a tocar o Bolero de Ravel enquanto a música acompanhava o pôr-do-sol. Este foi um motivo mais que suficiente para esta zona da cidade crescer o fluxo de turistas e, por consequência, começaram a surgir várias lojas de artesanato, bares e passeios de barco que tornam esta uma das principais atracções turísticas de João Pessoa. Foi a melhor forma de terminar o dia em beleza!

João Pessoa, as portas do sol_Num Postal
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Dia 2, Um roteiro mais cultural:

Neste dia estava precisar fazer um roteiro mais cultural. Assim, saí de casa por minha conta e fiz o calçadão da praia todo a pé até ao extremo mais a sul onde temos uma panorâmica incrível da cidade.

João Pessoa, as portas do sol_Num Postal
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Estação Cabo Branco

Este é mais um projecto do extenso legado do arquitecto Oscar Niemeyer. A Estação Cabo Branco é um espaço cultural que pretende transmitir à população em geral vários programas associados à arte, ciência e tecnologia. A entrada é gratuita mas a minha vinda ao local ficou marcada pelo dia de encerramento semanal do espaço.

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Farol do Cabo Branco

João Pessoa é denominada como as “portas do sol” por ali estar localizado o ponto mais oriental da América Latina, mais concretamente na Praia do Seixas, onde o sol nasce primeiro em todo o continente americano.

Ao mesmo tempo, ali também se encontra o Farol do Cabo Branco. A uns metros da Estação Cabo Branco localiza-se o farol formado por uma torre triangular de betão, um espaço que atrai muitos turistas e contém uma vista privilegiada para a cidade e o mar.

João Pessoa, as portas do sol_Num Postal
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Parque Sólon de Lucena

Da parte da tarde visitei o verdadeiro centro histórico e no lugar onde tudo começou, o Parque Sólon de Lucena. O espaço possui um grande lago e é o principal dinamizador deste lado da cidade. O parque é muito verde e tranquilo mesmo que haja um grande contraste com as várias lojas, paragens de autocarro e um enorme fluxo de trânsito que tornam o centro um lugar muito agitado como é característico das grandes cidade.

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Centro Cultural São Francisco

Este Centro Cultural é formado pela Igreja de São Francisco que em conjunto com outras igrejas do centro histórico formam um complexo de edifícios que constituem um dos mais importantes testemunhos da arquitectura barroca no Brasil. Para entrar e assegurarmos a visita é necessário desembolsar 3 reais.

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Igreja de Nossa Senhora do Carmo

Localizada na Praça Dom Adauto, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo compreende também um convento construído pela Ordem dos Carmelitas. Uma igreja muito simples que faz lembrar Portugal e é um dos poucos espaços que se encontram abertos ao público para oração.

João Pessoa, as portas do sol_Num Postal
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João Pessoa não é uma cidade incrível mas tem uma oferta cultural enorme, sendo isso um factor importante para que este tenha sido mais um destino recompensador. O resto do dia foi passado nas praias e só no dia seguinte é que me desloquei a um novo destino: Natal.

Os dois dias de viagem são suficientes e ainda chegam para ver mais algumas coisas como a Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, o Mosteiro de São Bento, a Casa da Pólvora ou o Espaço Cultural José Lins do Rego, um lugar com uma área ampla recheada de galerias de arte, teatros, auditórios e um museu.

João Pessoa, ao mesmo tempo é uma cidade que se pode fazer toda a pé mas com um carro é possível chegar a lugares mais distantes como a Fortaleza de Santa Catarina no Cabedelo ou até ao barco que nos leva à Ilha da Areia Vermelha, um banco de areia com dois quilómetros de comprimento com um tom avermelhado. É possível ainda fazer vários roteiros até às praias mais próximas da cidade como a Praia de Tambaba e a Praia de Coqueirinho.

Só me resta agradecer ao meu anfitrião Gustavo que acolheu-me e ajudou-me no sentido de tornar esta minha visita memorável. Quanto à cidade, João Pessoa foi uma boa surpresa já que era daqueles lugares que desconhecia até ter chegado ao Brasil. O calor próprio do Nordeste pode-nos levar a frequentar mais as praias mas acredito que esta visita deu-me uma visão mais abrangente da cidade.

João Pessoa, as portas do sol_Num Postal

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Autor do projecto Num Postal, arquitecto de profissão, fotógrafo nas horas vagas e apaixonado por viagens. Criei o blog para que não me escape nada das minhas aventuras pelo mundo, para partilhar com os outros e para eu reviver cada uma destas experiências! Depois de viver uma temporada no Brasil, percebi que há todo um universo lá fora para descobrir e desde então nunca mais parei de ir à procura de lugares desconhecidos.

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