LANZAROTE,
A NEGRA PRIMAVERA

Um vulcão e uma praia por dia nem sabe o que bem que lhe fazia, a ilha em que todas as casas são iguais e um legado impressionante de César Manrique

PUBLICADO A 2 DE JANEIRO DE 2023 | VIAGEM DE 26 A 31 DE OUTUBRO DE 2022

2022 foi mais um ano atípico marcado pelo fim da pandemia, o início de uma guerra e consequente aumento da inflação que voltou a influenciar os meus destinos de viagens. O facto de ter começado com alguns projectos fotográficos também impossibilitou que pudesse viajar a destinos como o Chile, Colômbia ou Quénia e, assim sendo, a escolha acabou por recair no Sul de Espanha onde incluí uma escapadinha a Lanzarote.

Depois de um ano muito intenso, estava a precisar de relaxar e por isso tentei conjugar o melhor de dois mundos: praia e montanhas. De forma algo aleatória e após ter marcado um autocarro para Sevilha, pensei: “os voos a partir de Espanha são mais baratos, certo?” A verdade é que com apenas duas semanas de antecedência, consegui encontrar uma passagem por 30€ até Lanzarote e agarrei logo esta oportunidade. E posso já adiantar que foi uma das melhores decisões que tomei este ano!

Nesta ilha passei 5 dias incríveis! O mote era caminhar muito durante a manhã, passar a tarde na praia e acabar o dia com um sunset! Não faltaram vulcões para visitar, montanhas para subir e grutas para descobrir durantes estes dias, sempre com temperaturas a rondar os 27º e os 30º. Entre a arquitectura de César Manrique e as paisagens vulcânicas, prepara-te para esta aventura porque há muito com que nos surpreendermos!

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Um pouco de história…

Lanzarote é uma das sete ilhas que (juntamente com outros ilhéus) compõem o arquipélago das Canárias. Juntamente com Fuerteventura e a ilha La Graciosa, faz parte do grupo oriental, estando a pouco mais de 100km do continente africano. É por isso que Lanzarote pode ser um lugar muito árido, fruto das massas de ar quente que frequentemente fazem uma visita aquele território. Não é por acaso que é uma ilha conhecida pela Negra Primavera, já que o seu clima é estável o ano inteiro e tem um paisagem completamente dominada pelas rochas vulcânicas. É, com toda a certeza, um lugar a visitar em qualquer estação do ano.

Em 1993, foi declarada Reserva da Biosfera pela UNESCO, devido à forte componente vulcânica que atinge o seu expoente máximo no Parque Nacional de Timanfaya. São mais de 100 vulcões adormecidos que podemos contemplar ao longo daquela que é a segunda ilha mais antiga das Canárias.

Lanzarote é igualmente conhecida como o local escolhido pelo escritor José Saramago para passar uma fase da sua vida e a sua casa pode ser visitada em horários muito restritos durante a semana.

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Dia 1 | Parque Natural de los Vulcanes:

Antes do dia 1 há um dia 0, quando cheguei perto da meia-noite a Lanzarote para me instalar no hostel e preparar-me para o início desta viagem. Escolhi como base a capital, Arrecife, por ser um lugar central e dessa forma ser mais fácil de me deslocar para qualquer lado. A melhor forma de andar pela ilha é de carro e foi a tratar desta logística que gastei uma boa parte da manhã do primeiro dia. Conheci algumas pessoas no meu hostel que andavam apenas de autocarro e pelo que ouvia parecia-me perfeitamente possível mas ao mesmo tempo implicava passar mais dias para conseguir ver tudo a que me tinha proposto.

Já com o meu Fiat 500 nas mãos, aproveitei para visitar o Parque Natural de los Vulcanes onde estão alguns dos principais vulcões de Lanzarote. O que não falta nesta zona são trilhos e percursos para fazer enquanto disfrutamos da paisagem. Eu optei por aqueles mais conhecidos e posso dizer que este foi um dos dias mais conseguidos do meu roteiro.

Montaña Colorada

Iniciei as minhas caminhadas em torno da Montaña Colorada, umas das mais acessíveis. Estacionei o carro num estacionamento junto à estrada e demorei cerca de 45 minutos para completar este percurso. Apesar de ser demasiado simples, vale muito a pena fazer este caminho pela mudança constante da paisagem à medida que seguimos. Pelo nível de dificuldade muito baixo, é igualmente a melhor forma de começarmos qualquer actividade em Lanzarote.

Caldera de los Cuervos

Uns metros mais à frente, temos o Vulcão El Cuervo e parecia que o dia ia ficando mais interessante! Este trilho demora pouco mais de 1 hora e são muitas as informações que conseguimos obter durante o percurso. A particularidade deste vulcão é a possibilidade de entrarmos no interior e podermos caminhar na sua cratera. Este vulcão em tempos, esteve activo durante 6 anos e por isso é que a sua envolvente está repleta por um mar de lava e outros cones vulcânicos. É sem dúvida um dos trilhos obrigatórios para se fazer em Lanzarote!

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Playa Honda

No dia da minha chegada, fiz dois amigos no hostel (um polaco e uma espanhola) que viajavam sozinhos e juntando ao facto de estar muito calor e de querer despedir-me deles, combinamos passar a tarde na praia. O lugar escolhido foi a Praia Honda, numa vila com o mesmo nome junto ao aeroporto. Esta praia semi-urbana de areia dourada até foi uma das praias que mais gostei de Lanzarote. Como podem ver é um lugar muito tranquilo e espaço é algo que não falta!

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Montaña Negra e a Palmeira (que já não é) inclinada

Com o dia a terminar, voltei ao Parque Natural de los Vulcanes para subir até ao topo da Montaña Negra. Para ir até ao ponto mais alto, não há um caminho certo mas há duas formas de lá chegar. Deixando o carro no estacionamento que dá acesso ao Vulcão El Cuervo, é só atravessar a estrada e procurar algum trilho. A outra opção é através do caminho até à mediática palmeira inclinada que encanta tantas contas de Instagram. No entanto, quando cheguei a Portugal, recebi a notícia que esta palmeira foi alvo de vandalismo e foi completamente arrancada… Posso afirmar que fui das últimas pessoas a assistir a este fenómeno.

Adiante, procurei logo um percurso que estivesse marcado na montanha e demorei apenas 20 minutos para atingir o cume. Durante 1 hora e pouco, fiquei ali só a existir enquanto assistia ao pôr-do-sol com vista para a Montaña Colorada e o Vulcão El Cuervo. Foi sem dúvida o ponto mais alto (literalmente) da minha viagem!

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Dia 2 | Timanfaya e arredores:

Na minha segunda noite no hostel, fiz novos amigos (desta vez dois alemães, a Fine e o Steven) e no meio das nossas conversas, percebemos que tinhamos tanto em comum que arranjei ali companhia para o que faltava da viagem. Entre copos e amendoins, começamos a fazer planos para os próximos dias e a decisão foi de irmos ver os vulcões de Timanfaya e absorver um pouco mais da zona poente da ilha.

Parque Nacional Timanfaya

Este parque é o resultado das erupções mais antigas da ilha em 1730 que originaram este lado mais vulcânico. A entrada no parque é de 12€ mas compensa muito mais pagar um preço combinado de entrada em outros lugares como a Cueva de los Verdes, Jameos del Água e Jardim dos Cactos, ficando o preço final em 29€. Aconselho a estar à entrada do parque pouco antes abrir (9h) para não apanhar fila. A verdade é que tentei ir lá no meu primeiro dia a meio da manhã e a fila estava tão grande que gerava imenso trânsito na estrada principal.

A entrada do parque é por si só incrível! Seguimos numa estrada asfaltada até a um complexo onde estão uns autocarros à espera para começar a visita. Confesso que estava à espera de mais desta visita, visto que estamos pouco mais de 30 minutos dentro de um autocarro a ver as vistas enquanto assistimos a uma explicação do guia e não podemos sair. Ainda assim, acho que vale a pena e a principal dica que posso dar é para te sentares do lado direito do autocarro.

Em seguida, voltamos até ao ponto inicial antes de subirmos ao autocarro e podemos andar por ali à volta a ver o geyser (que só está activo se for alimentado de forma artificial), as fumarolas que são enchidas com palha para se perceber a intensidade do calor da terra e o forno usado para cozinhar as carnes do restaurante através da energia geotérmica.

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El Golfo

O entusiasmo apoderou-se de nós e decidimos saber mais sobre esta componente vulcânica da ilha. Dessa forma, o Steven descobriu num daqueles livros de bolso que andava sempre com ele, que havia um percurso circular a começar na vila de El Golfo onde podíamos explorar um lado mais esquecido nos arredores de Timanfaya.

Seguimos caminho até esta vila de pescadores no lado sudoeste da ilha. Esta ilha com as suas ruas estreitas e casas brancas de cal é um lugar encantador onde acabaríamos por terminar o dia com um incrível pôr-do-sol no horizonte.

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Mirador de los Clicos e Charco Verde

O percurso foi duro devido ao calor mas no fim tivemos a merecida recompensa ao avistarmos o Charco Verde. Ao chegarmos a El Golfo pela estrada, viramos para o Mirador de los Clicos. No fim do miradouro, vemos uma lagoa verde numa praia de areia negra com imensa olivina (um mineral verde). De qualquer forma, o tom esverdeado da água deve-se à presença de enxofre e das algas no fundo. Por todas estas razões, a praia não é acessível e por isso só se consegue ver a lagoa do miradouro.

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Los Hervideros e Playa de Montaña Bermeja

Logo que terminamos o almoço (uma refeição bem merecida junto ao mar), seguimos até Los Hervideros. Esta formação rochosa parece saída de um cenário de Game of Thrones! A suas rochas esculpidas pela solidificação da lava, aliando ao facto de ter alguns buracos e pontes provocadas pela força do mar, torna este espaço extremamente apelativo para partirmos à sua descoberta! Ali ao lado temos a Praia de Montaña Bermeja, que se distingue pela sua areia negra e uma montanha de tom avermelhado no fundo.

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Salinas de Janubio

Não podíamos ir embora desta parte da ilha sem visitar as Salinas de Janubio. Aproveitanto o que resta de uma cratera vulcânica e dada a prática pesqueira desta região, desenvolveram-se estes lagos para produção de sal. A partir de um espaço pouco definido denominado de miradouro, conseguimos ter esta paisagem muito fotogénica mas também podemos ir um pouco mais abaixo para visitar o espaço e entrar pelos vários caminhas que separam estas salinas. Entre o mar e as salinas podemos encontrar a Praia de Janubio com um extenso areal de areia negra e que é igualmente uma boa opção para terminar o dia.

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Dia 3 | 24 km de trilhos em La Graciosa:

Inicialmente esta visita estava nos planos mas pensei cortá-la do programa pela logística que seria ir até à zona mais a Norte de Lanzarote. Contudo, o meu amigo Steven que já tinha estado lá, deu-nos imensas dicas e mostrou-nos fotografias que rapidamente me fez mudar de ideias. A verdade é que podemos comprovar que é um dos lugares mais bonitos a explorar na visita a Lanzarote.

La Graciosa

Para aproveitar bem o dia, chegamos ao primeiro barco que saía às 8h30 do porto do Orzola, numa viagem que demora 30 minutos. A ilha de La Graciosa faz parte do arquipélago de Chinijo com os ilhéus de Alegranza, Montaña Clara, Roque del Oeste e Roque del Este. Só em La Graciosa, a única ilha habitada, é possível visitar de forma independente, a não ser que se contacte alguma das empresas de turismo que estão preparadas para desenvolver vários tipos de actividades nas outras ilhas.

Com a companhia da minha amiga Fine, decidimos explorar a ilha a pé (a outra solução é alugar uma bicicleta para o dia inteiro). E com a ajuda do nosso amigo Steven, decidimos conhecer a zona Norte. É nesta zona que conhecemos os lugares mais bonitos de La Graciosa!

A primeira paragem foi a Playa de las Conchas, uma das praias mais incríveis que vi! Atrás, temos a Montaña Bermeja à qual subimos até ao topo e temos uma vista perfeita sobre a ilha. Seguimos mais a Norte até à Playa del Ambar para refrescar do calor que já se fazia sentir, não antes sem fazer um pequeno desvio e ir até a uma formação rochosa idêntica à de Los Hervideros com o nome El Castillo. Continuamos a dar a volta à ilha e encontramos uma pequena povoação de casas caiadas (Pedro Barba) na esperança de conseguirmos beber uma bebida bem fresca.

Acontece que este aglomerado de casas não tinha qualquer estabelecimento comercial e por isso fizemos mais um esforço para seguir até Caleta del Sebo, o local onde começamos a caminhada. No total andamos 24km sempre à chapa do sol! Ao fim da tarde, depois de um litro e meio de água e uma coca-cola fresquinha, apanhamos o barco de volta a Orzola.

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Mirador del Rio

De volta a Lanzarote, achámos que faria todo o sentido terminarmos o dia no Mirador del Rio. Era mais uma forma diferente de assistirmos ao pôr-do-sol e de vermos La Graciosa de uma perspectiva diferente. Daquele ponto de vista nem parecia que tinhamos andado tanto…

O Mirador del Rio é composto por um restaurante e é preciso pagarmos para entrar. Dizem que o espaço é soberbo mas a esta hora não conseguimos entrar. Felizmente, existem alternativas para ver o pôr-do-sol e basta estacionar o carro à beira da estrada para termos esta vista do horizonte.

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Dia 4 | As obras de César Manrique:

Parecia que ia ser um dia especial dedicado a César Manrique. Onde quer que fossemos, acabávamos por passar em lugares onde este artista deixou a sua marca. O primeiro lugar foi o Jardim dos Cactos. A ilha é tão árida que a maioria da vegetação é arbustiva e são muito os exemplos que encontramos ao longo de Lanzarote sem ser necessário entrarmos neste museu. A diferença é que aqui temos um espaço que preserva mais de 450 espécies distintas. Tanto neste espaço como nos que se seguiram, usamos o mesmo bilhete combinado que compramos quando entramos no Parque Nacional de Tymanfaia.

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Cidade Estratificada

Pelo caminho, fizemos um pequeno desvio para ver esta Cidade Estratificada. Este conjunto de rochas vulcânicas possuem formas tão peculiares e a ocupar uma área tão significativa que parece mesmo tratar-se de uma antiga cidade. É algo tão único que não quisemos perder!

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Cueva de los Verdes

Pausa estratégica para almoço em Arrieta antes de chegarmos a mais dois ícones de Lanzarote. Em primeiro lugar, fomos até Cueva de los Verdes, uma gruta que faz parte de um tubo vulcânico gerado pelo vulcão Corona, um dos mais impactantes desta ilha. Este tubo lávico tem mais de 7 km de comprimento mas durante esta visita só conseguimos percorrer um troço muito pequeno numa visita que demora cerca de 45 minutos. Nestas grutas podemos encontrar um espaço de auditório muitas vezes usado para espectáculos e um dos segredos mais bem escondidos da ilha que só pode ser revelado durante a visita.

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Jameos del Água

Mesmo ali ao lado, encontramos um espaço incrível idealizado por César Manrique. Falo de Jameos del Água, a continuação do tubo lávico que vimos em Cueva de los Verdes. Ao acedermos ao espaço, descemos até uma lagoa que ao início pode não ser perceptível mas possui propriedades únicas que lhe dão um tom azul claro e também são o habitat dos carangueijos albinos cegos que já se tornaram um símbolo deste lugar.

No fim desta visita, alcançamos uma piscina totalmente resvestida a cal, assim como todo o pavimento envolvente, para demonstrar exactamente como é a cor da água que não é tão perceptível na gruta.

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Mirador de Guinate

Mais tarde voltamos ao Norte da ilha para explorar um conjunto de miradouros, a começar pelo Mirador de Guinate. Este miradouro não tem uma vista muito diferente do Mirador del Rio, só não temos é uma percepção de frente da ilha La Graciosa.

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Mirador de El Risco de Famara e Mirador de Ermita de las Nieves

O pôr-do-sol não prometia muito neste dia por causa das tempestades de areia vindas de África que frequentemente atingiam Lanzarote, mas seguimos em frente. Foi assim que chegamos ao Mirador de El Risco de Famara onde dizem que aqui se vê um dos melhores sunsets da ilha. Não foi bem isso que aconteceu mas a vista para a Praia de Famara não desiludiu! Entretanto, só soube quando cheguei ao hostel que existe uma gruta (Cueva de las Cabras) onde também temos uma vista privilegiada e muito mais impressionante sobre Famara.

Adiante, temos o último miradouro que por ter uma ermida ali ao lado, tem o nome de Mirador de Ermita de las Nieves com uma vista que não é muito diferente do miradouro anterior.

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Dia 5 | O melhor de dois mundos:

Como não podia faltar, foi mais um dia de praia e montanha. Dada a incompatibilidade com outros planos que se foram intrometendo nos outros dias, foi preciso chegar ao quinto dia para conseguirmos fazer o trilho da Caldeira Branca. Ouvi muito, mesmo de habitantes da ilha, que era um dos lugares mais fascinantes de Lanzarote (e de facto é extraordinário)!

Entre caminhar, tirar fotos, fazer um piquenique no topo do vulcão e ir parando para apreciar a paisagem, passamos aqui uma manhã inteira. Existem duas formas de aceder ao vulcão. A primeira é deixar o carro perto de uma zona de estacionamento junto à vila de Mancha Blanca e partir daí faz-se o trilho até ao vulcão (foi este percurso que fizemos). Para os mais preguiçosos, há a possibilidade de ir até à base do vulcão por outro caminho e fazer o trilho a partir daí.

A subida é muito tranquila e vale todo o esforço! Assim que atingimos o topo, caminhamos à volta do vulcão e temos toda aquela paisagem com o Parque de Timanfaya em plano de fundo.

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(A praia ao lado da) Playa de Papagayo

Faltava pouco para esta aventura terminar e para mim não havia nada melhor que ficar uma tarde inteira na praia a apanhar sol. Foi com esse espírito que atravessamos a ilha desde a Caldeira Branca até Playa Blanca. Esta zona é bastante turística, é uma espécie de Algarve em Lanzarote e ali ao pé fazemos um desvio para o Monumento Natural de Los Ajaches.

Nesta área protegida temos diversas praias que podemos explorar só que acabamos por escolher o ponto mais a sul da ilha, a Playa Papagayo. Porém, esta praia não nos convenceu tanto quando comparado com uma outra praia mais pequena que se situava mesmo ao lado. Nessa mesma praia (Playa de la Cera), havia mais espaço e a cor da água era muito mais apelativa. Por se tratar de uma área protegida, o acesso por carro tem um custo de 3€ por veículo.

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Montaña Roja

Ao fim da tarde aproveitamos para apanhar o último pôr-do-sol mas foi quase impossível… Com o dia a terminar, as nuvens decidiram aparecer só que isso não nos demoveu de irmos até à Montaña Roja.

Com vista sobre Playa Blanca, não é dos lugares mais fáceis de aceder. Toda aquela zona envolvente faz parte de uma área habitacional daquela cidade e as ruas têm muitos sinais em como é proibido estacionar para não prejudicar a vida dos locais. Com jeitinho encontra-se um lugar ou deixa-se o carro num sítio mais longe e depois não vão faltar percursos para atingir o topo. Fomos subindo com a esperança do sol aparecer mas sem ser bem sucedidos… Por outro lado, fomos contemplados pelas vistas deste vulcão e da cidade em redor.

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Para voltar?

Claro que sim! Estes cinco dias foram muito intensos e se soubesse que era tudo tão impressionante, acabava por tirar mais dois ou três dias. Mas era hora de voltar ao sexto dia… Este roteiro tem muito do que é mais comum ser visitado mas rapidamente apercebi-me com outras pessoas que conheci na viagem, que os 10 dias que tinham reservado não eram nada descabidos…

Para começar, devo ter sido o primeiro português que não visitou a Casa de José Saramago mas com tantas voltas foi impossível. Existem outras praias impressionantes como a Playa de Famara ou a Playa Mujeres que também gostava de ter explorado. La Géria, é uma das zonas mais bonitas do interior de Lanzarote com um paisagem vulcânica enriquecida com inúmeras vinhas e embora tenha passado por lá de carro, não fiquei lá tempo suficiente para descobrir esta zona da ilha. Teguise, a antiga capital, é igualmente uma vila inspiradora em que vale a pena perder uma manhã para visitar e ali perto encontra-se o Museu Lagomar como uma das obras mais encantadoras de César Manrique, assim como a casa-museu do artista que deu lugar a uma fundação com o seu nome. Para quem gosta enriquecer as redes sociais, Las Grietas são umas fissuras rochosas que dão sempre boas fotos.

E podia continuar a debitar inúmeros lugares que ficaram por ver… Lanzarote é um lugar para todos os gostos, para os mais relaxados e aventureiros, para quem gosta de trekking ou de praia e ainda é um dos destinos mais sustentáveis do mundo. É por isso que é tão especial e que toda a gente devia visitar!

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Autor do projecto Num Postal, arquitecto de profissão, fotógrafo nas horas vagas e apaixonado por viagens. Criei o blog para que não me escape nada das minhas aventuras pelo mundo, para partilhar com os outros e para eu reviver cada uma destas experiências! Depois de viver uma temporada no Brasil, percebi que há todo um universo lá fora para descobrir e desde então nunca mais parei de ir à procura de lugares desconhecidos.

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