OUARZAZATE,
AS PORTAS DO DESERTO

Um dos estúdios de cinema mais importantes do mundo, os belos exemplos de Kasbhas estão nesta região e o melhor cenário que se pode encontrar para o nascer-do-sol

PUBLICADO A 6 DE JUNHO DE 2023 | VIAGEM DE 8 A 11 DE MARÇO DE 2023

Finalmente chegou o momento de fazermos a travessia até ao deserto! Saímos de Marraquexe à semelhança daquilo que a maior parte dos turistas fazem, visto que esta é a cidade marroquina que mais visitantes recebe por ano. Contudo, são muitos os quilómetros que temos de percorrer e por isso fizemos de Ouarzazate a nossa base.

Existem dois desertos que são as principais opções para quem quiser ter um vislumbre do Saara: Zagora e Merzouga. Foi neste último que pernoitamos e é aqui que encontramos as espectaculares Dunas de Erg Chebbi. A distância desde Ouarzazate ou de Marraquexe é grande (350 km e 550 km, respectivamente) mas vale muito a pena!

Durante 4 dias, aproveitamos o caminho para irmos parando em vários lugares com o mesmo grupo da Marrocos.com. No entanto, é muito fácil conseguir transformar o nosso roteiro no deserto numa viagem de 1 semana ou mais, tal é a variedade de locais de interesse.

Montanhas do Atlas

À saída de Marraquexe, temos de passar inevitavelmente pela Cordilheira do Atlas, uma extensa cadeia de montanhas que se estende por 2400 km desde Agadir até à Argélia e Tunísia. A estrada é bastante sinuosa num caminho com paisagens indescritíveis, cumes cobertos de neve e vales com as pequenas aldeias berberes. No percurso, existem alguns pontos de paragem onde andam os habituais vendedores, na qual a especialidade do lugar são as pedras em bruto com cristais de ametista retiradas daquelas montanhas.

Kasbah Telouet

Atravessadas as Montanhas do Atlas, fazemos um desvio na estrada principal para visitarmos o Kasbah Telouet. Toda esta área era um importante posto comercial que ligava Marraquexe ao deserto e acabou por prosperar graças à sua localização próxima às minas de sal. Estas condições deram um certo poder aquela povoação que teve a capacidade necessária para construir o Kasbah.

O palácio que está parcialmente em ruínas, pode não ser o lugar mais apelativo pelo exterior mas basta percorrer os primeiros corredores para perceber o potencial  deste monumento. Apesar de só podermos visitar parte deste complexo, chegamos a um pátio com imensos azulejos e elementos ornamentados que tornam esta visita uma surpresa ainda maior. A cereja no topo do bolo é a vista para a vila com as montanhas no fundo cobertas de neve!

Ksar Aït Benhadoun

A caminho de Ouarzazate, fizemos uma paragem para almoçar junto ao vale Wadi Mellah onde encontramos o Ksar Aït Benhadoun. Este conjunto de habitações rodeadas pelas muralhas em taipa, faz parte de um dos ksars mais requisitados do país, assumindo uma maior preponderância para o turismo após ter tido um papel fundamental na série Game of Thrones.

Para entrar nesta cidade existem duas formas: por uma ponte ou atravessando o rio se a maré estiver baixa. Tendo optado pela segunda opção, tinhamos à nossa espera as crianças da vila que faltavam à escola para ganhar uns trocos enquanto ajudavam os turistas a transitar entre os sacos de areia que marcavam esta passagem. Objectivo atingido e entramos pelas traseiras da muralha. Começamos a subir até ao celeiro no ponto mais alto e a paisagem vai ficando ainda melhor! Vale a pena perder algum tempo no topo, contemplar a paisagem e escutar o silêncio muito característico daquele local.

Esta cidade é tão única que nem tem electricidade ou água canalizada. É tão especial que em 1987 foi aclamada como Património da Humanidade pela UNESCO por ser um forte exemplo da arquitectura tradicional pré-saariana. Por ter este título, as casas têm de se manter tal como estão, tendo afastado várias famílias daquele lugar por falta de condições. Aqueles que ainda permanecem (cerca de 10 famílias), vivem exclusivamente do turismo e aproveitam-se disso para dinamizar a vida desta cidade.

Ouarzazate

Ouarzazate é a verdadeira porta para o deserto! Ao entrar pela extensa Avenida Mohammed V que atravessa a cidade, entramos num dos lugares que mais se desenvolveu nos últimos anos pelo facto do turismo estar em crescendo nesta região. De certa forma, os entusiastas pelo deserto são os grandes responsáveis por ter assinalado Ouarzazate no mapa.

Localizada a 1160 metros de altitude, a primeira sensação que tive é de um lugar muito tranquilo que também tem como pano de fundo as Montanhas do Atlas. Era um fim de tarde perfeito quando nos atrevemos a dar um pequeno passeio pela cidade. Depois de passarmos pela Mesquita da Somália, os nossos pés levaram-nos à Praça Al-Mouahidine que se transforma num ponto de convívio entre famílias. Não podíamos ter pedido um lugar melhor para descontrair ao fim de um dia longo em viagem.

Kasbah Taourirt

A província de Ouarzazate é muito conhecida pelos inúmeros Kasbahs que representam alguns dos maiores exemplos arquitectónicos em taipa e adobe no país. Um dos mais importantes e mais bem preservados que não pode escapar num roteiro a Ouarzazate é o Kasbah Taourirt. Este complexo do século XIX é um labirinto enorme mas felizmente estávamos acompanhados por um guia que nos fez uma visita incrível! Transmitiram-nos muita informação sobre a história do Kasbah e sobre a influência que isso implicou na história do país.

Estúdios Atlas

Os Estúdios Atlas foram dos lugares que me deixou mais intrigado nesta viagem (no bom sentido). Ouarzazate não é Hollywood e por isso ficamos sempre reticentes que tipos de filmes são aqui realizados. Quando fomos recebidos informaram-nos de imediato que ali foram filmados grandes clássicos do cinema como Gladiador, Asterix e Obelix: Missão Cleopatra, Babel, A Jóia do Nilo e até o nosso guia já tinha sido figurante no Game of Thrones.

Ao saber disto, começamos a olhar para os estúdios de outra forma. Desde as ruas na Grécia antiga, templos egípcios ou mosteiros tibetanos, estivemos em distintos cenários que estão todos ligados entre si. Alguns destes espaços até são reaproveitados para se encaixarem noutros filmes. É caso para dizer que se aproveita tudo e não se deita nada fora.

Merzouga

Contemplar as Dunas de Erg Chebbi era um dos meus principais objectivos para estes dias! Porém, não consegui aproveitar da melhor forma esta passagem pelo deserto porque o dia de chegada culminou com uma intoxicação alimentar que me atormentou durante o dia. Não consegui ver o pôr-do-sol, andar de camelo ou assistir a um pequeno espectáculo de músicas e danças à volta da fogueira mas nem tudo foi mau… Um antibiótico e uma noite bem dormida deixaram-me bem fresquinho para no dia seguinte de manhã acordar para um dos nasceres-do-sol mais fixes que assisti!

Estávamos num acampamento de luxo do Hotel Yasmina localizado ao lado das dunas, o que tornou este momento ainda mais especial. Eram 5h da manhã quando saí da tenda e nem se ouvia um pio. Com o raiar do dia, as cores do deserto voltavam em todo o seu esplendor naquela que é uma das melhores experiências a viver em Marrocos!

Rissani

Após uma saída rápida do deserto, a primeira paragem foi a povoação de Rissani, uma vila que já foi uma das mais ricas de Marrocos pela sua variedade de tâmaras. Fomos recebidos na mesquita e de seguida emergimos numa loja de tapetes locais (os primeiros que vimos). E se faz sentido gastar algum dinheiro nestas viagens é junto destas povoações! Tudo o que conseguirem vender aos turistas que ali passam, serve para ajudar as comunidades locais e por isso nem tem como regatear qualquer preço. No fim ainda tivemos direito a uma prova de chá.

Gargantas do Todra

No centro de um óasis do Vale do Todra, deparamo-nos em primeiro lugar com um palmeiral imenso que faz parte da cidade de Tinghir. A paragem é quase obrigatório para disfrutar esta paisagem e guardar recordações em fotografia. Estava dado o mote para rumarmos às Gargantas do Todra. O lugar é de uma imponência brutal mas sinceramente, não considerei tão extraordinário para a fama que tem. Achei mais interessante pelo facto de se poder fazer escalada naquelas paredes… Já pôr-do-sol no regresso a Ouarzazate compensou bastante este desvio.

Esta foi a minha experiência mas muito mais podia ter sido visto ou feito de uma forma diferente se houvesse tempo para isso. O facto de estar inserido num tour organizado também não permitiu que fosse de outra forma porque implica uma gestão diferente do tempo e já estamos presos a um programa. Ainda assim, creio que será sempre uma das opções mais viáveis para quem vai pela primeira vez a Marrocos e ao deserto em particular (seja sozinho ou acompanhado). Não só não temos de preocupar com a logística como ainda se conseguem soluções extremamente económicas. Eu não podia ter pedido melhor!

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Autor do projecto Num Postal, arquitecto de profissão, fotógrafo nas horas vagas e apaixonado por viagens. Criei o blog para que não me escape nada das minhas aventuras pelo mundo, para partilhar com os outros e para eu reviver cada uma destas experiências! Depois de viver uma temporada no Brasil, percebi que há todo um universo lá fora para descobrir e desde então nunca mais parei de ir à procura de lugares desconhecidos.

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