PICOS DA EUROPA,
UM DESPRENDIMENTO TOTAL
Montanhas de todas as formas e feitios, um dos melhores destinos naturais do velho continente e uma imensidão gritante de paisagens incríveis
PUBLICADO A 2 DE NOVEMBRO DE 2020 | VIAGEM DE 16 A 20 DE SETEMBRO DE 2020
2020 dita um ano em que tivemos de adaptar a nossa vida com novas rotinas por força da pandemia da Covid-19. Nem as viagens fugiram a esse tema, aliás, o sector do turismo até foi dos mais atingidos… Mas lá está, tudo se adapta e depois de ter feito a Costa Vicentina a pé, fiz uma roadtrip até aos Picos da Europa.
Já desde a minha viagem pelos Bálticos que voltei a casa com o intuito de trocar as cidades pelo campo e 2020 mostrou-se o ano perfeito para mudar este paradigma. Num ano em que é bastante aconselhável fugirmos dos grandes centro urbanos, descobri a Scaape, um novo projecto que associa as viagens na natureza com a fotografia. Achei que era o match perfeito e decidi arriscar em participar naquela que foi a primeira viagem desta “agência”.
Um pouco de história…
Muita gente não conhece os Picos da Europa e o nome associado ao velho continente pode remeter para algo longínquo por ser tão abrangente. A verdade é que o Parque Nacional dos Picos da Europa está mesmo aqui ao lado, em Espanha. Localizado na Cordilheira Cantábrica, distribui-se pelas três regiões de León e Castilla, Cantábria e Astúrias num total de 64 hectares.
Aqui não irão faltar distracções como as majestosas montanhas, os trilhos incríveis que nos mostram paisagens ainda mais espectaculares ou as aldeias históricas apaixonantes que tornam esta região num dos melhores destinos naturais da Europa.
O facto de estar tão perto de Portugal, levou-nos a sair de Lisboa numa carrinha que durante de 5 dias nos conduziu a explorar o melhor do que os Picos da Europa podem oferecer. No entanto, 5 dias é muito pouco para ver tudo o que temos à nossa disposição… Há mesmo muita oferta mas a ideia não era consumir e colecionar todas aquelas paisagens só porque sim. Acima de tudo, queríamos desfrutar da viagem com um espírito aberto e sempre à procura de sermos surpreendidos pelas montanhas.
Dia 1 – De Lisboa a Riaño:
A melhor forma de viajar pelos Picos da Europa é de carro e de outra forma que não seja um transporte particular, nem vale a pena… Saindo de Lisboa bem cedo, vimos o nascer do sol pelo caminho com o objectivo de chegar a Riaño com um pôr-do-sol que nos fosse surpreender. Não tivemos essa sorte só que é impossível ficarmos indiferentes a esta pequena povoação…
Voltada para uma barragem com o mesmo nome, Riaño é uma pequena vila pouco explorada para quem visita esta região mas é impressionante, principalmente pela paisagem das montanhas. É através dos miradores Alto Valcayo e Las Hazas que temos as vistas mais bonitas de Riaño com o lago e as montanhas por trás que tornam este cenário ainda mais místico. Com a noite a cair e o frio a chegar, não houve melhor forma de terminarmos o dia à volta da fogueira.
Dia 2 – Da subida do Pico Gilbo ao teleférico de Fuente Dé:
Este dia teve duas partes muito distintas. Em primeiro lugar, ocupamos a manhã com uma das subidas mais marcantes de toda a viagem até ao Pico Gilbo. Da parte da tarde fizemos um percurso mais suave depois de termos apanhado o teleférico em Fuente Dé a um dos pontos mais incríveis dos Picos da Europa.
A subida ao Pico Gilbo
Se voltares um pouco atrás nas fotografias e vires o ponto mais alto das montanhas, ficas já com uma ideia onde subimos neste dia… O Pico Gilbo chega aos 1677 metros de altitude no seu ponto mais alto e para isso tivemos de subir cerca de 550 metros.
O percurso começou à saída do viaduto de Riaño e depois seguimos pelo PR-LE 52 Collado El Baile. Entre paragens para descansar, tirar fotografias e contemplar a paisagem, demoramos umas 4 horas para subir até ao topo. A relação entre as montanhas, o lago e os rios é brutal e não podíamos ficar indiferentes ao que se passava à nossa volta.
Até ao fim, o caminho vai ficando mais difícil e uma das nossas motivações foi uma senhora de 64 anos que passou naturalmente por nós e deu-nos força para continuar (mesmo que de forma involuntária). Não nos livramos de uma boa escalada mas compensou todo o esforço de chegarmos ao fim e conseguirmos ver tudo à nossa volta. É uma sensação de liberdade e despreendimento indescrítivel!
De Fuente Dé a Áliva
A hora de almoço presenteou-nos com uma ida muita rápida a Potes. Esta vila medieval rodeada pelas montanhas é uma das bases mais importantes para quem visita os Picos da Europa mas para nós foi apenas uma paragem estratégica para almoçar.
Era altura de seguirmos até Fuente Dé. Conhecido pelo seu teleférico, apanhamos uma boleia do mesmo até aos 1800 metros de altitude. Ao chegar lá acima a vista é impressionante! As imagens que podem ver a seguir falam por si…
Em seguida, fizemos o percurso até Áliva onde ficamos num hotel no meio do nada, literalmente! Podiamos ter tomado outras opções nos trilhos que há a fazer mas a subida da manhã não nos puxava para grandes aventuras… Mesmo assim, num lugar onde não há qualquer rede, a energia termina a certa hora da noite e as montanhas parecem que estão cheias de pó, foi o lugar perfeito para fazer um detox digital. Eramos só nós e as montanhas.
Dia 3 – Entre Potes e Sotres:
Neste dia tentamos acordar ao mesmo tempo do sol para fazermos algumas fotos com o lusco-fusco matinal. Isso não foi possível mas dá sempre para fazer algumas experiências e tentar experimentar novas técnicas.
A seguir ao pequeno-almoço, a manhã tinha tudo para ser um pouco monótona porque íamos voltar para trás pelo mesmo caminho até ao teleférico. Não podia estar mais enganado… Entretanto o céu abriu, pôs-se muito sol, frio e muito vento! Basicamente apanhamos as quatro estações do ano num só dia (porque choveu de manhã) só que as vistas eram tão bonitas e surpreendentes que dava a ideia que nunca passamos por ali.
Pelo Desfiladero de La Hermida até Sotres
Paramos novamente em Potes para almoçarmos antes de voltar à estrada. Até ao próximo destino, atravessamos o Desfiladero de La Hermida com paisagens brutais que nos iam dando uma ideia daquilo que podíamos encontrar até ao fim do dia. Paramos em Las Arenas, já nas Astúrias, para deixarmos a bagagem no nosso apartamento e seguimos até Sotres.
Sotres é muito conhecida por ser a aldeia que se encontra a maior altitude no Parque Nacional dos Picos da Europa. Atingindo a cota dos 1050 metros de altitude, é marcada pela combinação sublime entra as suas ruas e as montanhas que a envolvem. É um dos pontos obrigatórios a visitar nesta região e as vistas compensam e de que maneira a chegada a esta povoação.
O desejo de percorrer cada cantinho dos lugares que visitávamos, crescia à medida que os dias iam passando e em Sotres não foi excepção. Descobrimos outro percurso pelas montanhas até à aldeia de Tielves e sem saber como seria, arriscamos a percorrê-lo. O caminho não é nada exigente, é sempre a descer e o declive é muito suave. Mais uma vez estávamos somente à mercê de nós próprios, com as montanhas, os últimos raios de sol e um rebanho de cabras que se atravessou à nossa frente.
Dia 4 – Nas montanhas das Astúrias:
Aproximava-se um dos pontos altos da viagem com o percurso da Ruta del Cares mas como o tempo não estava tão favorável e já havia algumas mazelas físicas no seio do grupo, tivemos de improvisar. Partimos desde Las Arenas até ao mesmo ponto onde íamos fazer este percurso, em Poncebos, e fomos até Bulnes, uma pequena povoação isolada no meio dos Picos da Europa.
A rota até Bulnes
Existem apenas duas formas de chegar a esta vila: a pé ou num funicular subterrâneo. Nem faria sentido se não tivéssemos optado pela primeira opção… O trilho é um pouco íngreme, vencendo um desnível de 400 metros mas não é muito complicado, sendo que a ausência de sol também ajudou. Segundo as indicações que vimos no início do caminho, demoramos cerca de 1h15m a chegar a Bulnes só que com a vontade de retratar tudo o que se passa ali, quase que duplicamos o tempo de subida. Foram muitas fotografias tiradas e muita paisagem para apreciar.
Ao chegar a Bulnes paramos para almoçar num dos únicos dois restaurantes da vila. Mesmo assim, são muitos restaurantes vendo que a vila tem cerca de 20 habitantes… Claro que estes estabelecimentos estão pensados para os milhares de turistas que passam lá o ano inteiro e a verdade é que estavam cheios de gente.
Bulnes é também um ponto de passagem para quem sobe até ao Naranjo de Bulnes, um dos símbolos mais conhecidos dos Picos da Europa, localizado a uma altitude de 2518 metros. Este ponto é visível a partir do Miradouro de Urriellu ao qual tivemos de aceder, fazendo um pequeno desvio desde Bulnes. Todo este lugar é muito bonito e a vila está em perfeita sintonia com a natureza. Foi uma boa recompensa por todo o esforço até lá acima. Restava-nos descer pelo mesmo caminho de volta até Poncebos e seguir viagem.
Ruta Ojo de Buey, Peña Mea
Assim como aconteceu de manhã, a parte da tarde também foi muito improvisada. Para o último dia, tinha ficado planeado vermos o nascer do sol no Ojo de Buey (em português, o “Olho de Boi”) mas como tinhamos tempo, aproveitamos para tentar ver o pôr-do-sol. De Poncebos seguimos até Langreo, uma povoação perto de Oviedo, onde pernoitamos num hotel. Até ao Olho de Boi foi cerca de 35 minutos por caminhos sinuosos e apertados até ao início da rota.
O Olho de Boi é conhecido pelo seu buraco com cerca de 20 metros de diâmetro numa rocha no cume de Peña Mea, a 1557 metros de altitude. O objectivo de ver o pôr-do-sol não foi bem sucedido mas o desafio de subirmos até ao topo para ver este fenómeno da montanha era demasiado tentador. A distância não é muita embora o declive seja bastante acentuado. Chegamos lá acima com a noite a cair e um nevoeiro a apoderar-se da paisagem que tornou ainda mítica toda esta subida.
Dia 5 – O nascer do sol no Ojo de Buey:
Já tinha antecipado o que ia acontecer no último dia da viagem e por sabermos o que nos esperava, ficamos ainda mais entusiasmados com a nova subida ao Olho de Boi. Mesmo sabendo que o caminho não era fácil, fomos até ao topo com a mesma satisfação como se fosse a primeira vez. Com o sol a raiar temos uma percepção completamente diferente da envolvente e ainda mais surpreendente. Ao chegar lá acima, fomos presentados com um mar de nuvens na paisagem e o sol a aparecer por trás do Olho de Boi. Isto é que foi fechar a viagem com a chave de ouro!
Esta ida aos Picos da Europa foi uma lufada de ar fresco para um 2020 muito atípico. Mesmo que Espanha seja um dos países mais afectados pela Covid-19, não sentimos a azáfama à volta do vírus e a liberdade que se respira nos Picos da Europa deu para esquecer tudo o que de menos bom teve neste ano.
Sobre a região em si, não há mais palavras para a descrever. De certa forma, a viagem soube a pouco (no bom sentido do termo). Estivemos em lugares incríveis mas houve muito por fazer como a famosa Ruta del Cares, o trilhos até aos lagos de Covadonga, a subida ao Naranjo de Bulnes e podia continuar a enumerar um conjunto de lugares sem fim! Existe tanto para ver que certamente irei voltar e isto tudo está aqui tão perto que não há desculpas para não o fazer.
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Autor do projecto Num Postal, arquitecto de profissão, fotógrafo nas horas vagas e apaixonado por viagens. Criei o blog para que não me escape nada das minhas aventuras pelo mundo, para partilhar com os outros e para eu reviver cada uma destas experiências! Depois de viver uma temporada no Brasil, percebi que há todo um universo lá fora para descobrir e desde então nunca mais parei de ir à procura de lugares desconhecidos.
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