PORTEL E AMIEIRA, ENTRE O PASSADO E O FUTURO
Mais um castelo em ruínas, uma praia fluvial que veio revolucionar a região e uma marina que pôs uma aldeia no mapa
PUBLICADO A 9 DE JULHO DE 2020 | VIAGEM A 13 DE JUNHO DE 2020
No meu último dia à volta da albufeira de Alqueva, reservei uma visita a Portel e a Amieira. São dois lugares bem distintos onde de um lado temos uma das sedes de concelho mais antigas do país e do outro uma aldeia que era completamente desconhecida até ao fecho das comportas da barragem de Alqueva.
Depois de uma noite muito bem passada em Moura, a minha viagem começou cedo e o primeiro ponto onde parei foi na barragem. Estava um dia excelente, muito silencioso e tranquilo e assim estava dado o mote para aproveitar os últimos momentos nesta região do Alentejo.
Marina da Amieira
Não foi preciso muito tempo para que chegasse à marina mais conhecida do grande lago. Ainda meio a medo, ia entrando pela estrada num clima de paz incrível! Era eu, a paisagem e alguns barcos que ali estavam… De resto, devido ao impacto da pandemia, não havia ninguém que ali estivesse a prestar algum apoio à marina.
Este espaço é a infra-estrutura náutica mais importante do Alqueva onde saem a maior parte dos barcos que andam na albufeira. Aqui encontramos imensas actividades associadas aos passeios de barco mas também podemos ficar apenas a apreciar de uma refeição enquanto desfrutamos das vista maravilhosa para uma paisagem que continua a ser difícil de descrever.
Amieira, a aldeia
Esta pequena povoação é mais uma aldeia típica alentejana numa região em que pouco ou nada interessava, pelo menos até antes do Alqueva… Localizada entre a ribeira da Amieira e o rio Degebe, a 15km de Portel, esta aldeia tem pouca história. Apesar de se evidenciar pela destacada praça de touros e o Monumento ao Forcado, a actividade tauromáquica não é muito comum. Só em Setembro, aquando das festas tradicionais da freguesia, é que se realizam touradas à boa maneira portuguesa.
A marina veio trazer outro dinamismo nunca antes visto nestas ruas e estradas nacionais mas nem era isso que me trazia a esta aldeia. O tempo tem sido generoso e a população também tem sabido adaptar-se à nova realidade. Nesse sentido, nasceu mais uma praia nesta região que despertou uma enorme curiosidade em mim.
Praia Fluvial da Amieira
Nos últimos anos, a marina foi o grande potenciador da Amieira mas a praia fluvial é desde 2019 o expoente máximo desta região. Este é um marco não só para a aldeia como para todo o município de Portel… Não há quem fique indiferente a este pequeno oásis em pleno Alentejo e são muitos os que lá vão propositadamente para desfrutar daquela praia, quer sejam habitantes das povoações à volta ou visitantes que passam pela barragem de Alqueva.
É por isso que a Amieira é um dos grandes exemplos para as várias aldeias ribeirinhas do Alqueva! O caos instalou-se junto de algumas populações que perderam rotinas ou o património afectivo que foram adquirindo ao longo de gerações. A Amieira em vez de se martirizar, pôs os olhos no futuro e tentou tirar partido do que tinha à sua disposição para se reerguer.
A verdade é que esta pequena aldeia alentejana possui uma marina e uma praia com um extenso areal, um parque de estacionamento para automóveis e caravanas e todos os serviços para a sua utilização onde se inclui um restaurante, balneários e vigilância de nadadores-salvadores. São poucas as aldeias portuguesas que se podem dar ao luxo de ter tantos benefícios como a Amieira.
Castelo de Portel
Entretanto, se a Amieira é uma esperança de futuro, Portel tem um passado enriquecedor que remonta à época dos Romanos. São pouco visíveis a existência de vestígios deste período porque actualmente é difícil pensarmos nesta vila e desfazermo-nos do castelo que toma conta da paisagem.
Numa vila que está envolvida por uma ampla área natural dominada pelo montado, destaca-se naturalmente o castelo no seu ponto mais alto. No castelo em estilo gótico, sobressai a torre de menagem que possui a entrada principal para o interior da muralha. Mesmo que não possua qualquer função desde o século XIX, encontra-se abandonado e em ruínas, sendo aproveitado esse facto para abrir portas aos mais curiosos que se interessam por história e queiram ter uma panorâmica de 360º da paisagem que abunda e de que maneira…
Da muralha dá para ver a vila toda e escolher qual o próximo lugar para descobrir. No meio das suas casas brancas, destaca-se no seio da vila a Igreja Matriz que por trás tem o Parque da Matriz. Este jardim é o espaço público mais amplo de Portel onde a população passa o tempo para passear num local que outrora era ocupado pela Horta da Matriz.
Ao voltar para o castelo onde tinha o carro estacionado, passei no Museu da Freguesia ou na Capela de Santo António antes de chegar à Praça D. Nuno Álvares Pereira. Esta praça possui um monumento com esta personalidade portuguesa montada a cavalo em frente ao edificio ocupado pela Câmara Municipal de Portel, um dos mais vistosos desta pequena vila. Nuno Álvares Pereira foi o grande responsável por recuperar a vila de Portel para a coroa portuguesa e mais tarde D. João I concedeu-lhe estas terras… A estátua é a tarda mas devida homenagem a este herói nacional!
Nesta praça, também não é de descartar uma visita à Igreja da Misericódia. É uma obra do século XVII construída no mesmo local da Ermida a São Romão e marca a entrada para o castelo.
E assim terminava mais uma grande viagem por Portugal, a primeira que arrisquei a fazer sozinho… Apesar de ter a experiência de me aventurar para o estrangeiro por minha conta, nunca o tinha feito no meu país e foi igualmente gratificante!
Cinco anos depois da última visita, a presença da albufeira do Alqueva continua a definir as rotinas das povoações envolventes só que a diferença é a maior aceitação que se aparenta ter por parte das populações. O que se passa na Amieira e a forma como Portel se publicita para o mundo, é um caso de estudo para a região. Não só deixaram de estar presos ao passado como fizeram de tudo para se projectarem para o futuro e não é por acaso que este é um município que está melhor preparado para receber todo o tipo de visitantes.
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Autor do projecto Num Postal, arquitecto de profissão, fotógrafo nas horas vagas e apaixonado por viagens. Criei o blog para que não me escape nada das minhas aventuras pelo mundo, para partilhar com os outros e para eu reviver cada uma destas experiências! Depois de viver uma temporada no Brasil, percebi que há todo um universo lá fora para descobrir e desde então nunca mais parei de ir à procura de lugares desconhecidos.
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